segunda-feira, novembro 19, 2007

Os incêndios e a madrugada

Este ano para variar um pouco tivemos algum descanso com os fogos florestais. Há 3 anos que o nosso país é fustigado com imensos incêndios que devastam àreas realmente épicas pois à muitos que ultrapassamos o milhão de hectares perdidos para a fúria das chamas.

Este ano até nos correu bastante bem, em primeiro lugar porque as vagas de calor decidiram deixar o nosso país e aparecer na Grécia e países da "ex-jugoslávia" (eles são tantos que o melhor é mesmo abreviar) e em segundo (e segundo a nossa imprensa) por um bom planeamento e prevenção por parte das autoridades responsáveis (protecção civil, instituto das florestas e bombeiros).

Ora nem tudo é verdade, afinal a grande verdade é que tivemos muita sorte durante este verão. MAS SORTE BASEADO EM QUÊ?

Baseado em que as vagas de calor visitaram outras paragens, que a humidade relativa do solo era alta, que afinal não tivemos tanta seca e que os incendiários se esqueceram dos fogos. Baseado nas notícias deste verão que davam conta de falta de bombeiros, de ineficiência nas comunicações, escassez de meios preventivos, câmaras que não funcionavam (por exemplo na serra da Arrábida), orçamentos cortados, falta de recursos humanos de apoio e até helicópteros que ficaram em terra (segundo alguns artigos do Público, faltavam alguns licenciamentos e regularizações de alguns dos nossos novos meios de combate aos incêndios) .

Bom vistas assim as coisas nem tudo são boas notícias, pois se conseguimos ter um verão relativamente descansado, é no Outuno que a falta de àgua e as altas temperaturas estão a colocar à prova os nossos meios. Mais uma vez a inevitável ligação ao aquecimento global! Quem diria que o número record de incêndios seria estabelecido no dia 11/11?

Eu diria que o aquecimento global é um excelente alibi, a falta de àgua e de meios outro, mas que o maior incêndio do ano deflagre às quatro da madrugada já acho um bocadinho exagero! Será preciso chamar o Sherlock Homes para investigar o inexplicável mistério????

segunda-feira, novembro 05, 2007

Desenvolvidos ou Parasitas?

Deveriamos mudar a forma como medimos o grau de desenvolvimento dos países e economias...
Deveriamos ter a coragem de impôr impostos ecológicos e taxas de poluição a todos os produtos...
Deveriamos implementar políticas de poupança de energia, de controlo de poluição, de emissão de CO2, de produção de resíduos sólidos, de renovação de floresta, de poupança de àgua enfim políticas de verdadeira preocupação ecológica...
Deveriamos ter a força necessária para penalizar as importações de determinados países, tal como em seu tempo fizemos com os impostos aduaneiros.

BASEADO EM QUÊ? Baseado simplesmente no facto de não ser justo que as chamadas economias desenvolvidas do mundo mostrem tantas relutânicas em mudar hábitos por não ser economicamente vantajoso. Baseado no crescimento de algumas economias em vias de desenvolvimento que já não podem fazê-lo da mesma forma que outrora, porquê? Simplesmente porque o contexto mudou!

A verdade é que o mundo está mais uma vez a mudar. Talvez dentro de alguns anos denominemos esta mudança a Revolução Ecológica!

Hoje em dia já não basta um país ter baixas taxas de desemprego, energia, infra-estruturas, educação e cultura. É necessário oferecer mais que produtos, serviços ou criação de riqueza.
É necessário mais, é necessário pedir ao Governo, às empresas, às ONG, às famílias, aos vizinhos e a nós próprios preocupação com a sustentabilidade ecológica do que fazemos.

Assim sendo, e tendo em conta que esta nova necessidade existe e não pode ser classificada em efeitos puramente financeiros deveriamos re-equacionar a definição de desenvolvimento com base neste nova variável e atribuindo-lhe a importância que tem.

O "agente Smith", no filme Matrix, diz a certo momento que apenas os parasitas têm um comportamento semelhante ao nosso. Assim está mais do que no momento de decidirmos: Desenvolvidos ou Parasitas?????

terça-feira, agosto 21, 2007

Uma canção que faz sentido!

Normalmente não sou destes sentimentalismos, nem de publicar algo que não uma opinião. Mas esta letra já no seu tempo fez sentido e agora volta a fazer.

Digamos que poucas vezes ouvimos as músicas com tudo o que elas nos dizem. E sobretudo se são em português.

Portanto cá vai:

Faço-me à estrada,
Não penso em mais nada,
O que será de mim
Uma história em que o princípio
Mais parecia o fim

Na mala do carro
Só levo a guitarra
E as letras que escrever
Vão falar desta viagem
Que eu não vou esquecer

Vou partir, sem demora
Vou partir

Parto sem saber
Sem saber se sou capaz
Deixo tudo para trás
E vou p'ra longe
Se lá vou ficar
O destino irá dizer
Não há tempo a perder
E vou p'ra longe

A meio do caminho
Já sinto saudades
De quem lá deixei
Dou por mim aqui sozinho
E assim fiquei

Ao fim de alguns anos
Começo a perceber
É difícil estar tão longe
De quem nos viu nascer

BASEADO EM QUÊ? ... Num fenómeno de emgiração seja ele porque motivo fôr.

segunda-feira, julho 09, 2007

Regresso ao Passado

É interesante como de vez em quando conseguimos fazer viagens ao século passado. Normalmente até as fazemos nas ocasiões mais inesperadas e nos sítios mais impensáveis. Foi o que me aconteceu a mim noutro dia ao entrar numa sucursal do Banco Santander em Espanha.

De salientar que hoje em dia o Banco Santander é o maior da Península Ibérica e o 4º maior da Europa, que está presente em mais de 14 países e que é um dos orgulhos dos nossos irmãos.

Recentemente todos nós verificamos como a marca Totta está a ser posta de lado pelo Santander e até na Formúla 1 podemos ver anúncios do Banco Santander.

Toda esta estratégia de imagem posicionam o banco como um exemplo de modernidade e de pensamento global. Pois, mas não é bem assim! E foi até neste grande banco que viajei até ao Século XX (para ser mais correcto algures no final da década 80).

MAS Século passado BASEADO EM QUÊ?

Então vejamos: entramos no banco e somos surpreendidos por um amontoado de secretárias e de papéis, olhamos à volta e a decoração vem toda num amarelo esbatido dando a ideia que as paredes não sabem o que é uma tinta à muitos muitos anos.

Os empregados têm uma média etária por volta dos 50 anos (afinal não somos inúteis após os 40 anos...uma boa notícia) e todos os postos de trabalho estão equipados com uma máquina de escrever eléctrica (não...o PC também lá estava...era a única coisa moderna) e com uma resma de papéis amarelos (aqui utilizam um papel reciclado de muito má qualidade).

Eis que somos atendidos (após termos esperado apenas uns minutos) e para abrir uma conta temos que apresentar um milhar de documentos e justificativos (até ao ponto de dizer...é para depositar dinheiro). Temos então de preencher 12 folhas à mão, assinar uma cartonila de assinaturas e esperar que a impressora a fita faça o seu trabalho.

Para termos um cartão multibanco temos de pedir várias permissões, a diferentes indivíduos e sistemas. Para pedir internet temos de mais uma vez preencher vários papéis e até assinar 3 documentos (um como pedimos o acesso, outro como recebemos a chave de acesso e outro como o banco nos informou do procedimento para entrar... como???).

Em barulho de fundo temos os caixas a contar moedas e o caraquejar dos espanhóis. Contas feitas 90 minutos de esperar e a preencher papéis, 24 assinaturas depois e uma resma de papel, abri um conta! Até tive direito à minha caderneta...essencial para apresentar numa outra agência Santander pois sem isso não conseguem aceder à minha conta (como?????).

Por último sou informado dos timings: 20 dias para o cartão, 12 dias para os cheques e tenho de esperar 5 dias para poder activar o acesso pela internet....UAU!

Saí do banco e comecei a pensar no processo de abertura de conta do último banco que contactei em Portugal: documentos preenchidos na internet, fiz download de dois impressos e depois de tudo enviado tive de esperar três dias até receber o cartão multibanco...já que o acesso à internet foi imediato.

Agora já compreendo como os bancos portugueses são considerados dos melhores da Europa...e ainda nos queixamos nós do atendimento.

Bom...o que dizer mais?

quarta-feira, junho 13, 2007

O afastamento e o trabalho...

720 horas,
30 dias,
1 mês

Um mês de retiro (não espiritual) deste espaço que tanta satisfação e alegria me traz. Um mês em que estive afastado de uma realidade que me preocupa, de um mundo que me completa. Um mês em que se passaram um monte de coisas que nem me apercebi ou nem sequer pude falar ou comentar.

Ao final deste período sinto-me envergonhado, sinto-me culpado, triste e vazio. Sinto-me em falta comigo, e convosco, porque me afastei do que considero realmente importante, do que dá significado a cada um de nós como pessoas. Sucumbi mais uma vez à ganância individual e do trabalho!

MAS BASEADO EM QUÊ? Baseado em que razões é que continuamos, eu e todos nós (mais ou menos vezes), a subjugarmo-nos a este chamamento?

Quantas vezes damos ouvidos à empresa, ao monte de papéis em cima da secretária, ao e-mail do chefe que chegou em má hora? Quantas vezes damos ouvidos ao trabalho, à ocupação de tempo, ao mais um minuto e ao isolamento que isso nos trás?

Fazêmo-lo repetidamente, por vezes sem hesitar, em prol da nossa estúpida individualidade, de um reconhecimento colectivo (ah e tal aquele tipo trabalha mesmo muito), de um reconhecimento individual, do nosso brio professional (talvez aquele que se pode atacar menos...), de uma suposta recompensa, etc... No final não são poucas as vezes em que nos arrependemos, que nos interrogamos porquê, que vimos que não valeu a pena; afinal perdemos mais que ganhamos e a tal recompensa foi apenas um sorriso do chefe que disse baixinho: "Bom trabalho, fizeste mais que a tua conta!".

As empresas (e um pouco a sociedade) dependem, hoje em dia, cada vez mais desta ambição desmedida, desta estúpida individualidade, da nossa ganância, do nosso querer mais, da nossa ostentação...Nós deixamo-nos embrulhar nesta busca para esquecer aquilo que realmente nos deixa felizes: um amigo, um olhar, um serão com música, um jantar com a família, a cumplicidade da namorada (o), os primeiros passos da criança, o contemplar o mar, o ler um livro...enfim os básicos!!!

Volto ao MAS BASEADO EM QUÊ? Baseado em que é que fazemos este erro tantas e tantas vezes?

Será que é preciso sentirmos falta de todas estas coisas para lhes dar valor? Será que é esta sociedade de trabalho onde tudo anda a 200 que nos dá essa tão proclamada qualidade de vida?
Será que é impossível atingir a paz de espírito e simplesmente saborear a vida?

Será que o nosso desenvolvimento económico e a nossa sociedade moderna dependem mesmo destes comportamentos individuais? Será que o modelo económico assenta num dos pilares mais "básicos e selvagens" do Homem, a ganância???

domingo, maio 20, 2007

O primeiro Ano!

Hoje é tempo de celebrar! (Bolo, velas e foguetes)

"Mas...baseado em quê?" faz um ano de existência! Uma brincadeira que começa na "Bicha" para se tornar um local onde tento fazer-vos olhar para situações que merecem pelo menos 30 segundos da nossa atenção.

No nosso dia a dia é díficil ter tempo para discutir, criticar ou até apenas identificar situações que de alguma forma possam merecer a nossa atenção. Somos diariamente bombardeados com informação, com problemas ou situações, com lixo informativo, marketing e publicidade etc... Os nossos empregos ou actividades absorvem cada vez mais horas do nosso curto dia (qualquer dia temos que aumentar o dia para 36 horas) e sugam-nos toda a energia. Quantas vezes dou por mim e passou uma semana sem que conseguisse ler o jornal, uma revista ou simplesmente ir ao café com os amigos.

Aqui tento colmatar algumas lacunas, e é um prazer escrever sobre seja lá qual for o assunto apenas para expressar uma opinião, seja ela positiva ou negativa. Durante um ano discutimos aqui vários temas, abordamos problemas da sociedade, aprendemos novas opiniões, conhecemos leis e mais importante que tudo...dê-mos espaço à nossa criativadade individual.

No final deste 1 ano consegui reunir 1300 visitas (e eu apenas fiz perto de 200...eh eh eh) e uma pequena legião de leitores que se revela bem activa (Obrigado a vocês!).

E pronto...feita a parte séria do comentário...a novidade e o agradecimento:

Finalmente vou abrir a ferramenta de "comment" para os anónimos e transeundes. Espero conseguir com isto que todos vós possam comentar este espaço e adicionar algo à minha opinião.

Para os que já o fazem...obrigado! São a minha fonte de motivação, sem esse feedback esta aventura nunca tinha conseguido vingar!

P.S. - Acho que desta vez não é necessário o "Mas...baseado em quê?", certo?

terça-feira, abril 24, 2007

A história num restaurante...

Há tempos fui a um restaurante Tailandês. Sítio agradável, com boa comida e com empregados hospitaleiros. No restaurante existia o culto da cultura: o rito do Chá, as vestes e música tradicional, a decoração oriental, uma dança durante a refeição (bela moça!) e alguma informação histórica.

Enquanto esperava pela minha companhia entretive-me na leitura. No menu havia um pequeno prefácio que descrevia um pouco da influência portuguesa sobre o distante oriente. Não esquecer que embora só se fale na India, é importante sabermos que os “Tugas” foram os primeiros europeus a deambular pela zona do globo hoje conhecida por Sudoeste Asiático.

Neste pequeno prefácio tinhamos alguma informação sobre as colónias existentes, registos, influências deixadas, e até a idioma (e aqui é que fiquei boquiaberto), sabiam que o Português era a língua oficial de Ceilão para falar com todos os estrangeiros? Isto durante vários séculos (até ao aparecimento dos ingleses algures a meio do século XVIII)!!!

Entristece-me (ao mesmo tempo que me sinto orgulhoso...e confuso com todos estes sentimentos) saber que já tivemos uma posição relevante no mundo e que hoje em dia poucos sabem onde fica este jardim à beira-mar plantado.

Somos invadidos economicamente por Espanha, dependemos energeticamente de Mouros, somos ofuscados no mundo pelos nossos “filhos” Brasil, Angola entre outros e somos deserdados por Moçambique (que se junta à Common Wealth, comunidade de ex-colónias britânicas).

Ignoramos o nosso passado recente e vivemos na sombra do nosso peso na história sem saber tomar partido disso (que na Europa não se estude a história de Portugal é mau, mas que as nossas ex-colónias não saibam grande parte da nossa história é horrível!) como fonte de inspiração...seremos tão piores que os Holandeses?

Dizia noutro dia uma jornalista que um país que vive nestas condicionantes está condenado a ser esquecido e viver na mediocridade de um buraco negro...será que nós queremos isso?

MAS BASEADO EM QUÊ???

terça-feira, março 27, 2007

O Aeroporto e a OTA - 2!

Depois do excelente debate de ontem na RTP1 (prós e contras) não consegui resistir a deixar mais algumas ideias sobre este assunto.

Antes de tudo queria aqui deixar 2 votos de parabéns:

1º - À RTP, por proporcionar um tão excelente debate cheio de troca de ideias, esclarecedor para o grande público, revelador das complicações deste tipo de processo e sobretudo participativo já que conseguimos ouvir várias pessoas expressar e fundamentar as suas opiniões.

2ª - A elite de Engenheiros que participou no debate, por conseguir transmitir as suas opiniões técnicas de uma forma que pudesse entender, por manterem um debate isento (tanto quanto possível) e construtivo (todos parecem concordar com a facilidade de execução do aeroporto e com o facto de ser caro), pela preparação do debate (já que todos tinham profundos conhecimentos dos relatórios em questão) e pelo respeito demonstrado uns pelos outros e pela classe em si (ao contrário dos políticos que preferem ofender-se a debater).

No fim do debate tomei as seguintes conclusões:

1 - Todos os Engenheiros concordam que as obras (para já conhecidas) a executar na OTA não são tecnicamente complicadas. Podem ser caras pela sua dimensão mas simples de executar.No entanto nem todas as complicações foram estudadas com detalhe já que os estudos existentes são preliminares.

2 - A Ota é neste momento a única opção em cima da mesa, para o novo aeroporto. Caso os estudos que necessitam ser feitos (especialmente o de impacto ambiental) chumbem esta localização não existe nenhum plano alternativo.

3 - Rio Frio foi chumbado apenas com base em critérios de impacto ambiental. Não existe nenhum estudo que quantifique esse impacto, ou que nos indique quais as medidas a tomar de forma a minorar esse impacto (de salientar que a Ponte Vasco da Gama foi estudada para ter o menor impacto possível e que os seus efluentes são tratados). Alguns dos Engenheiros defendem que a localização seja submetida a um estudo multi-critério de forma a apurar a uma viabilidade.

4 - Ninguém defende a OTA por ser melhor, perfeita, ter caracaterísticas únicas, etc... Quem defende a localização fá-lo por acreditar que não existe tempo para procurar outra qualquer alternativa.

Assim faço uma questão legitima:

Estivemos parados durante 7 anos! O local foi decidido em 1999 e só a 30 de Julho de 2006 (assim foi ontem referido) se decidiu andar para a frente com o processo. Sabendo que o novo aeroporto poderá custar cerca de 4% do nosso PIB (3.500 milhões de euros que é o valor da PTMultimédia) e que a sua localização tem influência sobre o traçado do TGV (uma obra que pode custar perto do dobro do aeroporto) não deveriamos:

1 - Ter mais do que uma localização (embora apenas 1 seja a ideal)
2 - Procurar minorar os custos associados (relembro que o tratamento de 6% da áera útil custam perto de 13% do valor total)
3 - Localizar o aeroporto em locais cujo o desenvolvimento de infra-estruturas já estivesse planeado ou executado (a OTA fica a norte do Carregado que é o limite dos planos existentes para as auto-estradas de acesso a Lisboa)
4 - Procurar que o Aeroporto fosse uma referência nacional e internacional estando por isso mais acessível a indústria, serviços e turismo?
5 - Estabelecer timings correctos, estudar exaustivamente as possibilidades e evitar todas as situações que possam originar uma possível derrapagem?

Assim sendo...vamos avançar com o Aeroporto MAS BASEADO EM QUÊ?

domingo, março 25, 2007

O Aeroporto e a Ota!

Começou mais uma discussão pública, começou a discussão sobre o novo aeroporto da OTA!

Podemos com toda a legitimidade perguntar: E estamos a discutir outra vez BASEADO EM QUÊ? Afinal a decisão já não estava tomada? Ou não está tomada? Não se chegou à conclusão que era a “melhor” das piores localizações e não se está a promover este empreendimento desde o ínicio do Governo de Durão Barroso (ou até antes?)? Vamos perder mais tempo em discussões e discussões para quê?

Bom...pessoalmente acho muito bem que abra a discussão mais uma vez! Para que todos possamos perceber quais as implicações deste projecto, o porquê da sua localização e para que técnicos e Governo possam chegar a uma conclusão correcta da forma mais isenta possível (já se sabe que vai haver um punhado de primos e tios a chupar mais alguns milhões...mas enfim). Afinal de contas estamos a falar do maior investimento público dos últimos tempos (secalhar de sempre), com influência noutro projecto megalómano...o TGV.

Todos nós sabemos que o aeroporto da Portela está completamente sobrelotado e que as sucessivas obras de ampliação apenas podem adiar um problema já enunciado! Muito se discutiu se o país precisa de uma grande aeroporto internacional que possa competir com Madrid ou de uma rede de aeroportos médios que possam complementar a Portela (como Montijo e Alverca), e depois de tudo quase todos nós nos convencemos que um grande aeroporto era a solução ideal. O que parece que ninguém engoliu (passe a expressão) é a localização do mesmo.

Faz agora uma semana que vi um pequeno debate na SIC Notícias (parabéns pela iniciativa já que era um debate de esclarecimento sem políticos o que facilitou a transparência e troca de ideias) que abordou os pontos de exclusão de Rio Frio e enunciou algumas dificuldades sobre a Ota.

Ora Rio Frio foi excluído baseados apenas em factores ambientais (aparentemente o impacto ambiental tem direito de veto...o que nos faz pensar sobre o processo da ponte Vasco da Gama que atravessa um tão frágil ecossistema). As rotas das aves, os sobreiros e a existência de um grande aquiféro foram determinantes! No entanto os engenheiros responsáveis pelo estudo rapidamente refutaram todos os argumentos ambientais o que faz levantar ainda mais as necessidades de novos estudos e debates.

A Ota, por sua vez, embora mais complicada a nível de engenheiria (pelo que contrataram um grande Engº para resolver os problemas existentes) tem um impacto ambiental bastante menos problemático...só temos que desviar dois cursos de água (um rio e uma ribeira) e fazer um aterro de proporções épicas. Para termos uma noção o aeroporto de Macau e de Osaka apenas movimentaram 5 e 7 vezes, respectivamente, mais areia! De salientar que ambos são ILHAS artificiais!!!

No meio de isto tudo não consigo ter uma opinião clara sobre qual a localização do novo aeroporto, consigo saber é que para um projecto desta magnitude não se pode tomar uma qualquer decisão de ânimo leve e apenas decidir pelo menos mau dos projectos.

Disse noutro dia o nosso Primeiro-Ministro que a decisão tinha sido feita pelo menor dos dois males, porque entre decidir e não decidir, decide-se e pelo menos que se vá para a frente com um projecto necessário.

Eu até posso concordar com esta política na maior parte dos casos, mas não quando se trata de um projecto desta envergadura e que vai ter grandes repercussões para as gerações futuras deste país. Faz parte das responsabilidades do Governo rodear-se dos meios correctos, estudar todas as localizações possíveis e avaliar os custos, prós e contras de cada um dos projectos! Além de que deve ser o Governo a tomar conta do processo e a gerir os timings necessários para a execução de todo o projecto.

Será que o Engº Socrátes vai ser capaz de gerir este processo ou apenas sucumbir ao “peso” da Ota?

(...podem ver mais em www.naer.pt)

terça-feira, março 13, 2007

O Estado...e o (do) Aborto!

Fez este fim-de-semana exactamente 1 mês desde o badalado referento ao "aborto", ou melhor à "interrupção voluntária da gravidez".

Ganhou o "sim" (Parabéns! E digo-o porque está de acordo com as minhas convicções, com todo o respeito que tenho por quem é de opinião contrária), passamos a estar mais próximos dos outros países desenvolvidos e demos um passo em frente no poder de escolha da mulher e na liberdade e democracia (que afinal tem muito a ver com o poder de escolha e liberdade de expressão...se bem que...).

Mas façamos um resumo: passámos um mês de propaganda, alimentamos publicitários, jornais, revistas e demais orgãos de comunicação social, criaram-se 37 organismos e movimentos defensores de ambas as facções, deram-se muitas explicações (pergunto-me se as correctas...) e discutiu-se. Discutiu-se imenso disso não há duvida. Mas agora ao final de um mês alguém sabe qual é a lei? Alguém sabe afinal qual o procedimento legal para a interrupção voluntária de gravidez? (isto porque não queremos acreditar no "pode abortar porque sim" do Marcelo Rebelo Fedorento!)

Há 5 dias atrás vi uma pequena notícia no Telejornal, assim de fugida, àcerca da votação da lei no Parlamento. Sei que foi aprovada com alguns votos contra e 3 abstenções. Mas mais importante que tudo...no que consiste a lei? Não será que isso sim é importante divulgar de forma intensiva e clarificar bastante bem o que aprovámos?

Parece que não...afinal o "circo eleitoral" já passou e a ver o PS conseguiu o que pretendia:
1º - Vitória eleitoral a meio do mandato: como disse um comentador político, o nosso primeiro ao apioar a facção "Sim" conseguiu ter umas eleições intermédias saindo vitorioso com uma "maioria absoluta" face à oposição.

2º (e secalhar bem mais importante) - Fim da discussão social! Não houve discussões sobre a concertação social, sobre os aumentos propostos, sobre os planos de carreira, sobre o estado da economia, sobre as regalias dos trabalhadores do estado...etc...Tudo foi "abortado" e desviado da discussão. (Excelente manobra política não?)

Por último queria desafiar o Referendo! Afinal BASEADO EM QUÊ é que chamam a isto referendo?

Digo eu que um referendo é uma consulta popular para se saber qual a opinião da nação face a um determinado tema. É algo tão importante que se pediu ao povo português para ir votar e exprimir a sua opinião num claro reconhecimento de que o Governo não tinha legitimidade para o fazer. Assim sendo não deveriamos ter votado/aprovado um projecto de lei? Não era isso que deveria fazer? Apresentar um projecto de lei com todas as virtudes e defeitos, mas claro para que saibamos exactamente no que vamos votar? Secalhar assim reduziriamos as discussões, a propaganda e toda a máquina política a uma discussão mais "terra a terra", mas sem cumprir os 2 objectivos acima numerados.

Um pensamento: ??? Votámos em consciência ou em convicção???

quinta-feira, março 01, 2007

A recolha dos REEE

Fui mais uma vez surpreendido pela imprensa! Ora que estava a ler aquele semanário "espesso" e fui surpreendido por uma notícia de recolha de electrodomésticos.

Nada de muito excitante para maior parte dos portugueses, mas é de certo interessante para mim.

Ora existem em Portugal duas empresas responsáveis pela recolha de REEE (uma sigla pomposa para dizer Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos). Estas empresas estão submetidas a targets Europeus e estão desde à 2 anos com grandes crescimentos no tratamento deste tipo de resíduos. Já conseguimos tratar maior parte dos resíduos, plásticos, metais, cobres e outros, mas ainda existem outros tantos que exportamos por não termos capacidade instalada para os reciclar (basicamente metais pesados e gases).

Até aqui tudo bem. Mas como tudo, as empresas estão a ser subsidiadas e existe uma taxa de recolha paga pelo consumidor na compra de cada electródoméstico ou equipamento electrónico.
E pagamos esta taxa BASEADO EM QUÊ?

Ora segundo o tal semanário, a taxa de recolha é paga pelo consumidor de forma a subsidiar a actividade de recolha.

Tá giro! Pagamos o equipamento, pagamos a entrega, pagamos a recolha. As empresas que vendem não têm custos, e quem recicla tem um modelo de negócio financiado e com matéria-prima a custo zero!....Mas...BASEADO EM QUÊ?

Claro que podemos sempre fazer queixa de quem não quiser recolhar os REEE (ninguém sabe onde, mas podemos), mas a verdadeira questão é: Esta taxa não deveria ser algo tipo tara? Não deviamos nós receber de volta a taxa ao enviar o REEE para a reciclagem? Porque é que nos EUA as pessoas recebem para reciclar e em Portugal se paga para reciclar? Porque é que as empresas que reciclam os nossos resíduos tem de ter matéria-prima a custo zero?

Se existem objectivos de recolha e de reciclagem não era mais fácil atribuir um incentivo económico do que apelar à possível responsabilidade social (quando vemos o sector industrial fazer o contrário?). Ora se as empresas vendem os tinteiros, o papel, a biomassa....etc...porque é que o individuo não pode fazer o mesmo? Forretas como somos secalhar já tinhamos rácios de reciclagem bem maior e alguma consciência social!

Bom...de qualquer forma vou contactar a Amb3E para me recolher os PC antigos que tenho, pelo menos sei que vai ser tratado e re-utilizado!

domingo, fevereiro 18, 2007

A Taça e os bilhetes!

Fui ver um jogo da Taça de Portugal!

Já me tinham dito que a Taça era uma festa e fui comprovar isso mesmo. Bem sei que os 16 avos de final não é o Jamor, mas como foi na minha terra (e quantas oportunidades temos de ver os 3 grandes por estas bandas?) resolvi que tinha de sentir "a Festa da Taça".

Ora foi um jogo à antiga, num estádio à antiga (espectacular o velhinho Alfredo da Silva e bastante bonito...faz pensar o porquê de um segundo estádio no Barreiro....), as bifanas, os divertimentos, a venda dos cachecóis, a "Min'e" (essa instituição), o estar perto da relva, os golos (afinal seis golos é algo que está fora de moda para mal dos nossos bocados), a possível invasão de campo, o horário (jogos às 14h30) e os bilhetes.

Ora está tudo bem, menos a parte dos bilhetes. Mas que bilhetes são estes? MAS BASEADO EM QUÊ se apresentam estes bilhetes?

Compramos nós um bilhete para o futebol que não passa de um papel mal amanhado? Sem númeração? Sem indicação de quais os clubes que vamos ver? Ou do local e hora? Como é que é possível?

Como se pode vender um bilhete sem qualquer tipo de identificação ou dispositivo de segurança e que qualquer pessoa pode fotocopiar? Deve ser por causa dos orçamentos...afinal os 40% da receita total (esta é a percentagem que a Federação ganha de todos os jogos da Taça) estimados em 100.000 euros não são suficientes (de relembrar que o orçamento anual do Pinhalnovense, por exemplo, é de 160.000 euros)! É melhor aumentarmos a percentagem de ganho da Federação.

Claro que depois da polémica e das queixas a Federação veio dizer que tal não voltaria a acontecer. E que tal evitar este tipo de problemas e dar uma imagem mais profissional do nosso futebol??

sexta-feira, janeiro 12, 2007

Portugal ou Lisboa?

Imaginem Portugal no ano de 2015...

O que podemos pensar? Cidades com maiores redes de transportes públicos, com corredores verdes a funcionar? Maior qualidade no ensino, preocupações ambientais sem limite, descentralização do poder e da população? O fim do smog nas grandes metrópoles? Saúde novamente gratuita? Impostos "inteligentes"? Viagens de férias ao Espaço? Melhor qualidade de vida para todos?

NÃO! Não segundo uma estrapulação demográfica efectuada por um qualquer estudo que não vinha referido no artigo da revista Prémio (já leram todos a revista?). Segundo este artigo em 2015, Portugal irá sofrer de bipolarização e ter a 3ª maior metrópole da Europa, apenas atrás de Londres e Paris!

Será este um motivo de orgulho? NÃO! E perguntam...MAS BASEADO EM QUÊ?

Lisboa, no seu sentido mais lato (Grande Lisboa) irá albergar 4,8 milhões de pessoas em 2015! E logo a seguir teremos o Grande Porto (e juro que não é o FCP!) com 2,7 milhões de pessoas. Parece grave não?

Se refletirmos um pouco sobre esta realidade não muito longínqua (está apenas a 8 anos de distância) apercebemo-nos da gravidade da mesma, já que não temos, nem pensamos ter infra-estruturas para toda este “gente” nas nossas cidades. E pior ainda é pensar que se a população de Portugal não aumentar drásticamente, perto de 73% da população (?! Hein ?! ) estará nestas duas àreas metropolitanas!

Não deveria, penso eu de que (já pareço o outro...), o nosso Governo preparar um plano de desenvolvimento regional adequado a esta nova visão da sociedade e pensar desde já em:
a) Preparar as duas metrópoles para este cenário, ou
b) Evitar este cenário através do desenvolvimento do resto do país?
Sendo que, pessoalmente, considero a segunda hipótese a mais viável no longo prazo.
Olhemos um pouco para a Europa (numa versão minimalista, já que não conheço profundamente a geografia e demografia dos nossos novos “irmãos europeus") e vejamos o que existe nos outros países. Quantas cidades economicamente/demograficamente/culturalmente fortes conhecemos nós na Alemanha? No Reino Unido? Em Itália? Na Suécia? E na nossa vizinha Espanha?

Porque haveremos de ser nós os bi-polares da Europa? Não temos capitais de distrito bem marcadas e com potencial? Se Castelo Branco tem a Danone, Évora tem a Tyco, Beja o Alqueva, Leiria o cluster dos moldes e a Logoplaste, Viseu a Visabeira, Aveiro o centro de investigação da PT...porque razão não podemos desenvolver outros projectos para estas cidades e para outras?

Colonizámos o mundo...mas agora sabem qual é o desafio? Sabem????