segunda-feira, maio 19, 2008

Eleições e Vencedores

No mês passado Espanha. foi às urnas, eleições para escolher o futuro Governo e constituição Parlamentar. Estas tal como as que estamos familiarizados foram precedidas de uma grande campanha eleitoral, tempo de antena, discussões, forúns, notícias e debates televisivos (por aqui não publicitam na rua....).

Desta vez até conseguimos assistir ao primeiro debate televisivo entre os dois principais partidos dos últimos 8 anos. Claro está que este debate teve toda uma panóplia de análises de espertos e entendidos sobre qual o vencedor e o perdedor. Neste debate o Sr. Zapatero tinha a vantagem de quem defende um bom trabalho e crescimento económico (só agora começam a aparecer sinais da crise mas ainda assim o PIB espanhol tem um crescimento bem alto, ou seja, 2.2%) e o Sr. Rajoy tentou apresentar defeitos e alternativas políticas sempre com a pesada herança deixada pelo governo de Aznar (parece que fizeram asneira da grossa com o 11M).

Debates à parte, chega o grande dia e tal como todos esperávamos ganha o Sr. Zapatero. Não só o PSOE merece os parabéns como (tal e qual como em Portugal) todos estão de parabéns. O PP (do Sr. Rajoy) porque teve mais votação que em eleições anteriores, o Partido Catalão porque teve maior votação na Catalunha, o Batasuna porque obteve votos fora do país Vasco, o partido do voto em branco (até esse existe em Espanha) porque a abstenção foi a mais alta (não percebo esta vitória, mas pronto). Enfim...perdedores nenhuns, ora como os votos somam 100% alguém teve de perder. O problema é que ninguém o reconhece.

MAS BASEADO EM QUÊ esta quantidade anormal de vencedores? Baseado num exemplo de demagogia pura, que pensamos só existir em Portugal, mas que afinal se alastra a todo o "reino" da democracia como se fosse uma doença.

Baseado na falta de honestidade dos partidos políticos e dos seus membros para estabelecerem objectivos e aceitarem as suas consequências. Baseado na falta de profissionalismo que assombra esta classe social que vive do povo mas que há muito se esqueceu de defender o povo.

A população vai perdendo a fé na democracia porque ninguém sofre consequências de uma determinada escolha e porque não se trabalha de acordo com o que nos "vendeu" na campanha eleitoral. Defendem-se os "boys" e os "amigos", os "lobbies" e os cartéis.

Seguimos assim por um regime de impunidade política onde tudo é possível e ninguém sai lesado, onde tudo são pseudo-vitórias e o único prejudicado o sistema....a democracia.

Afinal não é só em Portugal....a questão é até quando?