terça-feira, março 27, 2007

O Aeroporto e a OTA - 2!

Depois do excelente debate de ontem na RTP1 (prós e contras) não consegui resistir a deixar mais algumas ideias sobre este assunto.

Antes de tudo queria aqui deixar 2 votos de parabéns:

1º - À RTP, por proporcionar um tão excelente debate cheio de troca de ideias, esclarecedor para o grande público, revelador das complicações deste tipo de processo e sobretudo participativo já que conseguimos ouvir várias pessoas expressar e fundamentar as suas opiniões.

2ª - A elite de Engenheiros que participou no debate, por conseguir transmitir as suas opiniões técnicas de uma forma que pudesse entender, por manterem um debate isento (tanto quanto possível) e construtivo (todos parecem concordar com a facilidade de execução do aeroporto e com o facto de ser caro), pela preparação do debate (já que todos tinham profundos conhecimentos dos relatórios em questão) e pelo respeito demonstrado uns pelos outros e pela classe em si (ao contrário dos políticos que preferem ofender-se a debater).

No fim do debate tomei as seguintes conclusões:

1 - Todos os Engenheiros concordam que as obras (para já conhecidas) a executar na OTA não são tecnicamente complicadas. Podem ser caras pela sua dimensão mas simples de executar.No entanto nem todas as complicações foram estudadas com detalhe já que os estudos existentes são preliminares.

2 - A Ota é neste momento a única opção em cima da mesa, para o novo aeroporto. Caso os estudos que necessitam ser feitos (especialmente o de impacto ambiental) chumbem esta localização não existe nenhum plano alternativo.

3 - Rio Frio foi chumbado apenas com base em critérios de impacto ambiental. Não existe nenhum estudo que quantifique esse impacto, ou que nos indique quais as medidas a tomar de forma a minorar esse impacto (de salientar que a Ponte Vasco da Gama foi estudada para ter o menor impacto possível e que os seus efluentes são tratados). Alguns dos Engenheiros defendem que a localização seja submetida a um estudo multi-critério de forma a apurar a uma viabilidade.

4 - Ninguém defende a OTA por ser melhor, perfeita, ter caracaterísticas únicas, etc... Quem defende a localização fá-lo por acreditar que não existe tempo para procurar outra qualquer alternativa.

Assim faço uma questão legitima:

Estivemos parados durante 7 anos! O local foi decidido em 1999 e só a 30 de Julho de 2006 (assim foi ontem referido) se decidiu andar para a frente com o processo. Sabendo que o novo aeroporto poderá custar cerca de 4% do nosso PIB (3.500 milhões de euros que é o valor da PTMultimédia) e que a sua localização tem influência sobre o traçado do TGV (uma obra que pode custar perto do dobro do aeroporto) não deveriamos:

1 - Ter mais do que uma localização (embora apenas 1 seja a ideal)
2 - Procurar minorar os custos associados (relembro que o tratamento de 6% da áera útil custam perto de 13% do valor total)
3 - Localizar o aeroporto em locais cujo o desenvolvimento de infra-estruturas já estivesse planeado ou executado (a OTA fica a norte do Carregado que é o limite dos planos existentes para as auto-estradas de acesso a Lisboa)
4 - Procurar que o Aeroporto fosse uma referência nacional e internacional estando por isso mais acessível a indústria, serviços e turismo?
5 - Estabelecer timings correctos, estudar exaustivamente as possibilidades e evitar todas as situações que possam originar uma possível derrapagem?

Assim sendo...vamos avançar com o Aeroporto MAS BASEADO EM QUÊ?

domingo, março 25, 2007

O Aeroporto e a Ota!

Começou mais uma discussão pública, começou a discussão sobre o novo aeroporto da OTA!

Podemos com toda a legitimidade perguntar: E estamos a discutir outra vez BASEADO EM QUÊ? Afinal a decisão já não estava tomada? Ou não está tomada? Não se chegou à conclusão que era a “melhor” das piores localizações e não se está a promover este empreendimento desde o ínicio do Governo de Durão Barroso (ou até antes?)? Vamos perder mais tempo em discussões e discussões para quê?

Bom...pessoalmente acho muito bem que abra a discussão mais uma vez! Para que todos possamos perceber quais as implicações deste projecto, o porquê da sua localização e para que técnicos e Governo possam chegar a uma conclusão correcta da forma mais isenta possível (já se sabe que vai haver um punhado de primos e tios a chupar mais alguns milhões...mas enfim). Afinal de contas estamos a falar do maior investimento público dos últimos tempos (secalhar de sempre), com influência noutro projecto megalómano...o TGV.

Todos nós sabemos que o aeroporto da Portela está completamente sobrelotado e que as sucessivas obras de ampliação apenas podem adiar um problema já enunciado! Muito se discutiu se o país precisa de uma grande aeroporto internacional que possa competir com Madrid ou de uma rede de aeroportos médios que possam complementar a Portela (como Montijo e Alverca), e depois de tudo quase todos nós nos convencemos que um grande aeroporto era a solução ideal. O que parece que ninguém engoliu (passe a expressão) é a localização do mesmo.

Faz agora uma semana que vi um pequeno debate na SIC Notícias (parabéns pela iniciativa já que era um debate de esclarecimento sem políticos o que facilitou a transparência e troca de ideias) que abordou os pontos de exclusão de Rio Frio e enunciou algumas dificuldades sobre a Ota.

Ora Rio Frio foi excluído baseados apenas em factores ambientais (aparentemente o impacto ambiental tem direito de veto...o que nos faz pensar sobre o processo da ponte Vasco da Gama que atravessa um tão frágil ecossistema). As rotas das aves, os sobreiros e a existência de um grande aquiféro foram determinantes! No entanto os engenheiros responsáveis pelo estudo rapidamente refutaram todos os argumentos ambientais o que faz levantar ainda mais as necessidades de novos estudos e debates.

A Ota, por sua vez, embora mais complicada a nível de engenheiria (pelo que contrataram um grande Engº para resolver os problemas existentes) tem um impacto ambiental bastante menos problemático...só temos que desviar dois cursos de água (um rio e uma ribeira) e fazer um aterro de proporções épicas. Para termos uma noção o aeroporto de Macau e de Osaka apenas movimentaram 5 e 7 vezes, respectivamente, mais areia! De salientar que ambos são ILHAS artificiais!!!

No meio de isto tudo não consigo ter uma opinião clara sobre qual a localização do novo aeroporto, consigo saber é que para um projecto desta magnitude não se pode tomar uma qualquer decisão de ânimo leve e apenas decidir pelo menos mau dos projectos.

Disse noutro dia o nosso Primeiro-Ministro que a decisão tinha sido feita pelo menor dos dois males, porque entre decidir e não decidir, decide-se e pelo menos que se vá para a frente com um projecto necessário.

Eu até posso concordar com esta política na maior parte dos casos, mas não quando se trata de um projecto desta envergadura e que vai ter grandes repercussões para as gerações futuras deste país. Faz parte das responsabilidades do Governo rodear-se dos meios correctos, estudar todas as localizações possíveis e avaliar os custos, prós e contras de cada um dos projectos! Além de que deve ser o Governo a tomar conta do processo e a gerir os timings necessários para a execução de todo o projecto.

Será que o Engº Socrátes vai ser capaz de gerir este processo ou apenas sucumbir ao “peso” da Ota?

(...podem ver mais em www.naer.pt)

terça-feira, março 13, 2007

O Estado...e o (do) Aborto!

Fez este fim-de-semana exactamente 1 mês desde o badalado referento ao "aborto", ou melhor à "interrupção voluntária da gravidez".

Ganhou o "sim" (Parabéns! E digo-o porque está de acordo com as minhas convicções, com todo o respeito que tenho por quem é de opinião contrária), passamos a estar mais próximos dos outros países desenvolvidos e demos um passo em frente no poder de escolha da mulher e na liberdade e democracia (que afinal tem muito a ver com o poder de escolha e liberdade de expressão...se bem que...).

Mas façamos um resumo: passámos um mês de propaganda, alimentamos publicitários, jornais, revistas e demais orgãos de comunicação social, criaram-se 37 organismos e movimentos defensores de ambas as facções, deram-se muitas explicações (pergunto-me se as correctas...) e discutiu-se. Discutiu-se imenso disso não há duvida. Mas agora ao final de um mês alguém sabe qual é a lei? Alguém sabe afinal qual o procedimento legal para a interrupção voluntária de gravidez? (isto porque não queremos acreditar no "pode abortar porque sim" do Marcelo Rebelo Fedorento!)

Há 5 dias atrás vi uma pequena notícia no Telejornal, assim de fugida, àcerca da votação da lei no Parlamento. Sei que foi aprovada com alguns votos contra e 3 abstenções. Mas mais importante que tudo...no que consiste a lei? Não será que isso sim é importante divulgar de forma intensiva e clarificar bastante bem o que aprovámos?

Parece que não...afinal o "circo eleitoral" já passou e a ver o PS conseguiu o que pretendia:
1º - Vitória eleitoral a meio do mandato: como disse um comentador político, o nosso primeiro ao apioar a facção "Sim" conseguiu ter umas eleições intermédias saindo vitorioso com uma "maioria absoluta" face à oposição.

2º (e secalhar bem mais importante) - Fim da discussão social! Não houve discussões sobre a concertação social, sobre os aumentos propostos, sobre os planos de carreira, sobre o estado da economia, sobre as regalias dos trabalhadores do estado...etc...Tudo foi "abortado" e desviado da discussão. (Excelente manobra política não?)

Por último queria desafiar o Referendo! Afinal BASEADO EM QUÊ é que chamam a isto referendo?

Digo eu que um referendo é uma consulta popular para se saber qual a opinião da nação face a um determinado tema. É algo tão importante que se pediu ao povo português para ir votar e exprimir a sua opinião num claro reconhecimento de que o Governo não tinha legitimidade para o fazer. Assim sendo não deveriamos ter votado/aprovado um projecto de lei? Não era isso que deveria fazer? Apresentar um projecto de lei com todas as virtudes e defeitos, mas claro para que saibamos exactamente no que vamos votar? Secalhar assim reduziriamos as discussões, a propaganda e toda a máquina política a uma discussão mais "terra a terra", mas sem cumprir os 2 objectivos acima numerados.

Um pensamento: ??? Votámos em consciência ou em convicção???

quinta-feira, março 01, 2007

A recolha dos REEE

Fui mais uma vez surpreendido pela imprensa! Ora que estava a ler aquele semanário "espesso" e fui surpreendido por uma notícia de recolha de electrodomésticos.

Nada de muito excitante para maior parte dos portugueses, mas é de certo interessante para mim.

Ora existem em Portugal duas empresas responsáveis pela recolha de REEE (uma sigla pomposa para dizer Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos). Estas empresas estão submetidas a targets Europeus e estão desde à 2 anos com grandes crescimentos no tratamento deste tipo de resíduos. Já conseguimos tratar maior parte dos resíduos, plásticos, metais, cobres e outros, mas ainda existem outros tantos que exportamos por não termos capacidade instalada para os reciclar (basicamente metais pesados e gases).

Até aqui tudo bem. Mas como tudo, as empresas estão a ser subsidiadas e existe uma taxa de recolha paga pelo consumidor na compra de cada electródoméstico ou equipamento electrónico.
E pagamos esta taxa BASEADO EM QUÊ?

Ora segundo o tal semanário, a taxa de recolha é paga pelo consumidor de forma a subsidiar a actividade de recolha.

Tá giro! Pagamos o equipamento, pagamos a entrega, pagamos a recolha. As empresas que vendem não têm custos, e quem recicla tem um modelo de negócio financiado e com matéria-prima a custo zero!....Mas...BASEADO EM QUÊ?

Claro que podemos sempre fazer queixa de quem não quiser recolhar os REEE (ninguém sabe onde, mas podemos), mas a verdadeira questão é: Esta taxa não deveria ser algo tipo tara? Não deviamos nós receber de volta a taxa ao enviar o REEE para a reciclagem? Porque é que nos EUA as pessoas recebem para reciclar e em Portugal se paga para reciclar? Porque é que as empresas que reciclam os nossos resíduos tem de ter matéria-prima a custo zero?

Se existem objectivos de recolha e de reciclagem não era mais fácil atribuir um incentivo económico do que apelar à possível responsabilidade social (quando vemos o sector industrial fazer o contrário?). Ora se as empresas vendem os tinteiros, o papel, a biomassa....etc...porque é que o individuo não pode fazer o mesmo? Forretas como somos secalhar já tinhamos rácios de reciclagem bem maior e alguma consciência social!

Bom...de qualquer forma vou contactar a Amb3E para me recolher os PC antigos que tenho, pelo menos sei que vai ser tratado e re-utilizado!