domingo, novembro 11, 2012

A correr mas devagar...

Nas grandes cidades há uma constante sensação de pressa. Temos pressa para tudo, ir para o trabalho, ir para casa, despachar as compras da semana, etc. Muitas vezes até para o lazer temos pressa, vamos só a uma das aulas do ginásio, corremos na rua só uma volta e até bebemos só um copo!

Parece-nos que a nossa vida citadina está muito preenchida e temos a ilusão de poder fazer muitas coisas a que damos valor (por exemplo quantas actividades culturais é que fazemos num ano? Eu falo por mim emitias vezes passam-se meses sem aproveitar essa disponibilidade), afinal estamos presos num circulo que nos faz perder qualidade de vida.

Afinal o que os cidadãos da cidade mais apreciam é o tempo livre para as suas actividades pessoais, porque perdem um grande tempo para conseguir viver na cidade.

Uma das grandes perdas de tempo é o transito e as deslocações. Perdemos uma imensidade de tempo para ir de um sítio ao outro e ainda por cima fazemo-lo muitas vezes parados no trânsito.

Recentemente fiz um teste, andei durante 10.000km a verificar a velocidade média das minhas deslocações na cidade e não passo dos 30km/hora em média. Ora vendo bem é pouco mais dique a velocidade a que fazemos jogging e seguramente muito perto da velocidade da bicicleta. O transporte público que deveria assegurarmos algo mais de rapidez está também preso num ciclo vicioso, já que ao termos paragens de 400 em 400 metros não ajuda à mobilidade.

Voltando então à velocidade de deslocação, o que aconteceria se todos andássemos dentro dos limites e nos deslocássemos a 40km hora, vai na volta até se produziriam menos acidentes, acumulação de trafego, etc... E aumentaríamos a verdadeira velocidade dentro da cidade com tudo o de positivo daí advém.

E andamos sempre a alta velocidade BASEADOS em quê? Porque continuamos a andar a 30km hora...

sábado, outubro 06, 2012

Educação em recessão

No outro dia anunciamos em Portugal que este ano teríamos 18.000 professores com o horário mínimo, falamos de professores que têm um horário escolar de 6 horas semanais...faz sentido?

Vamos então entrelaçar esta notícia com outra que veio a público umas semanas depois...as turmas nas escolas vão passar a ter uma média de 30 alunos para aligeirar os custos fixos. E tudo deixa de fazer sentido...deixamos de respeitar um dos princípios básicos da economia...maximizar o outcome com base nos custos fixos! Mas BASEADO em quê?? Porque é que não utilizamos os professores em horário mínimo para conseguir melhorar o ensino?

Afinal de contas o ensino um dos pilares básicos da sociedade moderna! Foi essa melhoria que nos permite desenvolver novos projectos, melhorar a nossa performance, aumentar as exportações ou até desenvolver novos recursos humanos que saiem do país e desenvolvem novas capacidade de liderança.

Não é a tarefa do governo zelar pelo futuro do país?

Será que também temos que respeitar a Troika na hipoteca do nosso futuro intelectual?

terça-feira, junho 05, 2012

Bankia de surpresas....

O quarto maior banco de Espanha tem de ser nacionalizado! Aquilo que era até à alguns meses virtualmente impossível aconteceu...Espanha está em dificuldades e pode vir a ser resgatada.

Mas a culpa agora é da Bankia? Mas baseado em quê?

Não a culpa não é da Bankia mas de uma acumulação de erros que levaram a esta situação e que parecem ser apenas a ponta do icebergue. Em 2009 interveniu-se na CCM e apareçam os primeiros problemas das Cajas de Ahorro, que com a construção desenfreada em Espanha tinham assumido compromisso e investimentos milionários tornando-se empresas influentes e poderosas. Mas chegou o ano 2008 e os ditos investimentos não tinham comprador e a sua valorização era duvidosa. Começam-se a acumular dividas e necessidades de financiamento e de aprovisionamento e o Estado é chamado a acudir, até aqui nada que não fosse normal na época.

De repente alguém se lembra, não de corrigir a situação pela origem mas sim de a dissipar pelo volume. Juntando todas as Cajas com problemas com as que não "teriam" problemas poderíamos criar uma grande instituição financeira que poderia engolir o problema financeiro existente. Cria-se o Bankia que não é mais que a fusão de 9 bancos regionais entre eles a toda poderosa CajaMadrid.

A Bankia é uma instituição tão bonita que entra na bolsa e consegue atrair 350 mil novos investidores. Tudo isto num ambiente económico tão hostil como o que se vivia em 2011 o que fazia querer que o projecto seria um êxito e uma vitoria espectacular de uma estratégia diferente.

Pois até que chegou a 2012 e a Bankia não se consegue financiar para algo tão básico como dar o dinheiro aos seus depositantes. As necessidades de financiamento são tão grandes que o plano de austeridade do Governo não é capaz de gerar activo suficientes para o buraco.

Procuram-se agora culpados e parece ser que a sociedade espanhola não quer acreditar na não envolvência de partidos políticos, empresários, famílias ricas e importantes e até no próprio Banco de Espanha que aprovou as contas da Bankia e a sua colocação na bolsa. Desejam-se culpados e condenações e espera-se que esta situação não possa escapar com impunidade.

Agora a Europa desconfia da Espanha e de repente o povo Espanhol vê-se a braços com algo que não esperava...mais austeridade e um possível resgate. Toda a publicidade positiva dos últimos anos é posta em causa e a situação pode ser tão má como em Portugal, Irlanda e Grécia.

Esperam-se resoluções importantes nos próximos dias mas entretanto o euro desceu em 15 dias mais 10% face ao dólar...

terça-feira, maio 15, 2012

O Pingo Doce e a miopía

No dia 1 de Maio celebrou-se o dia do trabalhador. Neste dia trabalhadores e sindicatos manifestam-se e celebraram os direitos do trabalhador e aquilo que tão arduamente vem sido conquistado. Também é o momento em que normalmente o povo se manifesta contra os patrões e contra as ultimas decisões impopulares do Governo. Isto é assim todos os anos. Por outro lado é um dia de descanso em que muitas familías almoçam juntas, passeam nos parques e praias e passamos tempo uns com os outros.

Este ano além de tudo isso também foi dia de compras. A recente crise faz com que qualquer oportunidade seja boa para mostrar a nossa produtividade e portanto era possível comprar nos grandes hipermercados (não no comércio tradicional que perde mais uma oportunidade).

No meio de tudo isto houve uma campanha de marketing do Pingo Doce: quem comprasse mais de 100€ teria um desconto de 50% nas suas compras. A campanha foi publicitada nas lojas e a partir daí as redes sociais e o boca a boca fizeram o resto. Resultado: o maior caos jamais registado nas lojas, todos queríamos comprar no Pingo Doce!!!!

Os partidos de esquerda e os sindicatos pediram explicações ao Governo (alguém se esqueceu de dizer que a JM é uma empresa privada) falou-se em boicote, mensagem política, etc... Estão a haver investigações porque a autoridade da concorrência tem de falar e porque a Sonae não gostou que alguém desse um desconto alto sem ser em cartão?

No fim de isto tudo e da multitudinaria publicidade que ganhou o Pingo Doce transmitindo a todos que é o mais barato todos nos esquecemos da interpretação mais fácil...Estamos em CRISE e com a corda na garganta. O povo falou contra a austeridade, contra as manifestações, contra as lutas infrutíferas, contra a oposição de trazer por casa e contra a dinâmica global. Não não foi consumismo, foi apenas dizer que está em causa a sobrevivência.

MAS BASEADO EM QUÊ é que toda a gente é míope a analisar o que se passou?

sábado, março 31, 2012

As escolas e o roubo!

Acaba de anunciar o nosso Tribunal de Contas diversas irregularidades no processo de renovação do parque escolar. No total para além de um desvio de mais de 200% no orçamento inicial, algo que não se deveria poder aceitar temos também 500 milhões de euros em despesas ilegais. MAS BASEADO EM QUÊ? E como é que só se descobre cerca de 2 anos depois?

Ainda por cima sabe-se perfeitamente quem são os culpados e que tipo de despesas fizeram. Giro giro é que a multa prevista na lei está entre metade ou a totalidade do salário anual, ou seja, rouba-se 100 milhões de euros e paga-se como multa cerca de 100.000€??? Assim compensa de sobra e cria-se um chamariz para a actividade ilegal. O senhor agora pode ir para o Brasil viver dos rendimentos e desfrutar da vida, por cá um pouco mais de austeridade para pagar este devaneio.

Conhecendo esta classe o mais normal é que estes senhores sejam nomeados para outra qualquer função publica e volte a fazer o mesmo.

Ora na minha empresa se tenho um over-send de 1000€ numa gestão de 10.000.00€ sou chamado à Administração, tenho de justificar o gasto e gerar uma receita adicional para o cobrir. Além disso retiram-me os poderes e os financeiros passam a policiar todos os meus acordos para não haver desvios. E porque é que isto não se aplica no sector público? Porque é que existe uma impunidade?

Acho que deveríamos criar uma lista pública de maus gestores, que seria publicada na imprensa e estaria disponível na Ordem dos Economistas, pelo menos para se saber quem é que anda a roubar!!! Depois as multas deveriam ser repôr o dinheiro mal gasto e alguns anos de prisão. O desvio de 200% são o equivalente ao 13º e 14º da função pública!!!

Também que questiono o porquê da inexistência de auditorias e fiscalizações neste tipo de actividades. Desta forma até se criava algo de emprego para os milhares de jovens gestores que estão no desemprego ou em funções menores.

Enfim....

segunda-feira, fevereiro 20, 2012

O Emprego

Falamos muito de emprego, ou melhor da falta do mesmo. É uma das novas realidades deste início de século. As nossas políticas para conseguir maior rendibilidade levaram a uma erosão do emprego no "mundo desenvolvido" e não sabemos como dar a volta à situação.

Na Europa são muitos os países com taxas de desemprego históricas e é necessário que o país esteja a atravessar um muito bom momento para dar a volta à situação. Temos poucas opções já que no sector primário as máquinas são essenciais, no sector secundário temos problemas com as economias de escala e a nova modo do sector terciário é o self-service.

Além disso como trabalhadores queremos ter um salário decente e cada vez estamos menos propensos a tarefas menores (para isso temos a imigração) e como consumidores queremos um produto barato sem que nos preocupe demasiado como conseguimos obtê-lo.

Então será que é mesmo impossível? Não haverá mesmo outra saída? Que é feito dos homens das bombas de gasolina? Dos portageiros, dos homens da entrega do pão ou do jornal? E porque é que hoje em dia se pensa primeiro numa máquina que numa pessoa? Mas BASEADO EM QUÊ? 

Houve provavelmente algum iluminado que disse que o custo com pessoal não poderia representar mais que x% na conta de resultados de uma empresa e já está, todos a poupar. Privilegiamos as máquinas porque são um activo e têm um valor intrínseco, mas quantas e quantas vezes dizemos que uma determinada empresa vale pelas pessoas? Portanto somos conscientes desse valor mas incapazes de representar o seu valor de forma contabilistica, isto parece-me uma verdadeira parvoíce!

E o Estado que deveria ser o primeiro a defender este tipo de ideias está mais interessado em fazer favores a determinadas empresas do que criar emprego, veja-se por exemplo o caso das portagens das SCUT. Até posso acreditar que numa estratégia financeira a máquina tem muitas vantagens ao recurso humano, mas tendo em conta o quadro actual será que temos de ser tão gananciosos?

Isto sem ignorar que também como recursos humanos temos de rever a nossa própria postura porque os direitos adquiridos custam muito a criar, mais a manter mas é apenas necessária uma pequena crise para que se deite tudo a perder.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

A Austeridade

Podemos dizer que esta é a palavra de 2011 e muito provavelmente o será em 2012. E a nova moda económica fruto da crise da dívida soberana. Podemos dizer que a crise soberana advém do gasto excessivo a que incorremos durante os últimos anos. É certo que se construíram muitas infra-estruturas, alguma necessárias outras nem tanto e algumas outras apenas para encher os bolsos de uma elite de pessoas sem escrúpulos. Podemos também pensar nas garantias adicionais que os estados têm que dar ou na contabilidade inventiva dos últimos anos que apenas serve para justificar e esconder a situação real.

A verdade é que não utilizamos a maior de todas as regras...não se pode gastar mais do que temos e se o fazemos temos que pensar que mais tarde ou mais cedo tudo terá uma consequência. 

Agora temos que aceitar alguns cortes e a perda de direitos que fomos conquistando. No entanto todos sentimos que as coisas não se estão a fazer como se deveria, podemos perder direitos mas é algo que tem de ser aplicado a todos! Além disso vemos como os gestores públicos gozam de uma impunidade histórica e isso é algo que ninguém pode aceitar. Todos aceitamos erros mas isto??? E baseado em quê??? Será que é tão díficil aplicar a mesma regra a todas as classes sociais e não ceder às pressões de uma classe cada vez mais rica?

Bom justiça à parte voltamos à austeridade. Cortes e mais cortes, perda de direitos e vemos situações de injustiça total. Que é importante gastar menos acho que tal é algo que todos aceitamos, mas e o resto? É que nos últimos anos não temos mais saúde, nem mais segurança ou bombeiros, não temos mais serviços públicos, nem educação. Assim que me lembre a única coisa que nos deram foi a garantia dos depósitos até aos 100.000€. Falta apenas responder a uma grande pergunta: quantos portugueses querem realmente (ou podem eventualmente utilizar) a totalidade dessa garantia?