quinta-feira, agosto 13, 2009

O cartão do cidadão

Como muitos de vós sabem temos um novo cartão disponível: o Cartão do Cidadão! Uma boa iniciativa do Governo já que visa substituir a imensidão de documentos que temos: o Bilhete de Identidade (dando fim ao velhinho cartão amarelo que simplesmente ficou desactualizado e fora de uso pelo tamanho das carteiras que temos), o cartão de eleitor (tema que já suscitou alguma polémica na sociedade portuguesa pela liberdade de local de voto), o cartão de contribuinte e possivelmente algum mais.

Por fim aproximamo-nos dos nossos companheiros da Europa. Mas não ficamos por aqui, damos um passo em frente e inserimos também um chip electrónico no cartão do cidadão. Este permite-nos não só mudarmos alguns dos nossos dados sem que tenhamos que ir à conservatória, registo ou loja do cidadão; como também ter ainda um certificado digital que facilita a interacção com os novos portais do governo: portal do cidadão e portal da empresa.

Até aqui tudo bem e a iniciativa merece os nossos aplausos e parabéns!

Agora andava à procura de alguma informação nos portais do Governo e encontrei uma barreira, como não tenho certificado digital não consigo aceder a certas instruções de como obter informação. Ora para sabermos como pedir certo tipo de certificados, certidões ou pedidos sobre empresas necesitamos ter um certificado digital.

Consigo perceber porque razão é necesário o certificado digital para realizar os pedidos de ditos certificados, mas que o seja para consigamos saber "como" obtê-los não me parece correcto.

Se só existem 1,7 milhões de cartões do cidadão (os outros 9,3 milhões ainda continuam com o cartão antigo) quer dizer que a grande maioria da população não tem acesso a informação online...isto é descriminação! E sem que exista um plano para que num curto espaço de tempo todos tenhamos o tal cartão mágico!

E esta discriminação existe BASEADA EM QUÊ? Não é tão fácil colocar a informação na web disponível a todos???

domingo, junho 07, 2009

As empresas e as pressas

As empresas tal como as pessoas têm fases. Aliás sabendo que as empresas são as pessoas, só faz sentido que passem fases boas e más durante o ano. Indo um pouco más além é normal que as empresas passem diferentes fases evolutivas, de maturidade e desenvolvimento.

Sabemos que o bebé não pode correr antes de andar, que não podemos escrever antes de saber as letras, que só aprendemos a fazer contas de somar depois de conhecer os números, que só somos capazes de ter responsabilidades após uma certa idade, etc…

Nas empresas é o mesmo, primeiro têm de ser criar as suas estruturas, métodos e processos. É necessário criar uma identidade, uma missão, partilhar valores e depois estratégias para que a operacionalidade seja o mais eficaz possível. Sejam novas ou apenas uma fusão de empresas com história é sempre necessário começar pelo principio.

Mas nem sempre as pessoas se lembram disto, os líderes e empresarios esquecem-se que as suas empresas necessitam de tempo e de tomar determinados passos. A pressão pelos resultados, a fome de performance e querer mostrar obrigam-nos a tomar decisões descabidas (muitas vezes comprometedoras a nível de longo prazo) transmitindo à empresa e seus empregados uma pressão e instabilidade que não são nada proveitosos. Muitas das vezes esta instabilidade é comunicada a outros agentes de contacto da empresa, nomeadamente bancos e clientes (ou com o termo mais lato em inglês: shareholders) piorando o cenário de actuação.

Isto é ainda mais verdade no mundo latino devido à nossa capacidade nata de improvisar (improvisar é uma capacidade latina, o desenrascar é portuguesa!) e de fugir ao planear.

MAS BASEADO EM QUÊ???

Será que não é possível no mundo de hoje em dia lembrarmo-nos da sabedoria dos nossos ditados populares e utilizar-la? Todos nós sabemos que “não se pode colocar a carroça à frente dos bois” e que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”!!

Juntemos a nossa capacidade de improvisar, ao planeamento nipónico e norte europeu, e dando tempo à empresa para que nos tornemos mais fortes. Será tão descabido???

sábado, fevereiro 07, 2009

Ibéria e o inglês

Estou em Espanha há um ano e meio. Tem sido um tempo intenso, cheio de descobertas, de lutas e de alegrias. Hoje venho aqui fazer uma critica ao internacionalismo espanhol e em particular à Ibéria.

Mas Baseado em quê? Ora baseado no domínio da língua inglesa que existe nesta companhia.

Viajo bastante vezes com a Ibéria, tanto por outros países como para cidades bastante internacionais (Barcelona ou Bilbao) e é sempre um desafio compreender o anúncio das normas de segurança ou simplesmente as boas-vindas da tripulação. Até podemos aceitar que os espanhóis são totalmente inaptos para as línguas estrangeiras e em especial para o inglês (salvo raras excepções que merecem todo o nosso respeito e admiração), mas numa companhia aérea???? Numa empresa que todos os dias tem contactos com dezenas de diferentes nacionalidades??

Então e a segurança, a comunicação com os passageiros, com as torres de controlo??? E os casos de emergência? E as pessoas que voam pela primeira vez???

Não consigo compreender como exigem o cumprimento de tantas e tantas regras, meios de segurança e planos alternativos mas como depois se esquecem de um aspecto básico...a comunicação.

Mas se as agências internacionais e de controlo se esquecem deste aspecto o que pode ser de alguma forma explicável qual o papel da Ibéria? Como é que os funcionários e quadros desta empresa não pensam neste pequeno-grande problema e em forma de solucionar-lo? Será que é muito complicado conseguir umas gravações em inglês para todos os aviões com as normas de segurança???

Sei que pelo menos os/as hospedeiras agradeceriam tal é o pânico com que encaram esses momentos. E pelo menos evitavam de transparecer esta fragilidade. Penso eu que seria relevante para esta empresa que se pretende afirmar como potência europeia.

segunda-feira, janeiro 19, 2009

A crise financeira – a última reacção

Temos alguns exemplos bem recentes de uma grande crise financeira, a crise nipónica de 1997. Inclusive temos acesso às reacções do estado nipónico, às suas medidas correctivas e suas consequências. Claro está que a crise financeira que assola o sistema financeiro americano, e por derivado o resto do mundo, não tem precedentes desde 1929; mas de qualquer maneira deveríamos ter em conta os eventos mais recentes (como aprendizagem pelo menos), certo?

A verdade é que tal não acontece! A falta de competência e de coragem política continua (todos esperamos que o Sr.Obama venha dar uma mãozinha através dos EUA, continuando em aberto que o fará na Europa) e isso motiva-me a mais um post. BASEADO EM QUÊ???

Na última reacção dos nossos bancos centrais e dos reguladores. Parece ser que a política mais produtiva e inovadora dos nossos responsáveis é a descida das taxas de juro!

Nos EUA o preço do dinheiro está perto dos 0% e na Europa já desceu até aos 2%. Ou seja, baixamos os juros para que o consumidor se sinta confiante e possa fazer o que sempre fez…consumir, consumir, consumir sem parar e sem pensar nos compromissos futuros que acaba de assumir. A teoria é fácil: como se pode ter dinheiro a um baixo custo não existe problema em consumir tudo o que se deseja e logo se paga. Mas então não foi está a razão de fundo da crise???

No entanto os movimentos das taxas de juro não resultam, o “Zé povinho” não consume, está preocupado e não tem acesso fácil ao crédito. Os bancos aproveitam este momento para explorar um pouco mais o seu cliente (nenhuma das instituições financeira está particularmente disposta a arriscar) e ainda que tenham recebido milhões e milhões em pacotes de ajuda estatais, e para os quais os clientes ajudaram, continuam com a sua estratégia fixa e a vetar o acesso ao crédito.

O consumo está a parar e já se começa a falar no risco de deflação, esse grande flagelo da economia moderna.

Olhando para trás podemos verificar que o Japão passou pelos mesmos passos (crise, descida de juros e recessão no consumo) com um resultado não muito positivo, já que após 10 anos ainda continua muito vulnerável a qualquer “constipação”.

Será que vamos conseguir aprender? Será que vamos conseguir evitar o pior? Será que existe coragem para corrigir o mal que se fez e punir os culpados?

Apenas mais uma nota: Quando algo perde o seu valor é muito complicado que o recupere, normalmente as empresas desenvolvem um substituto para esse algo. Como se substitui o dinheiro, esse bem essencial de troca?