domingo, junho 07, 2009

As empresas e as pressas

As empresas tal como as pessoas têm fases. Aliás sabendo que as empresas são as pessoas, só faz sentido que passem fases boas e más durante o ano. Indo um pouco más além é normal que as empresas passem diferentes fases evolutivas, de maturidade e desenvolvimento.

Sabemos que o bebé não pode correr antes de andar, que não podemos escrever antes de saber as letras, que só aprendemos a fazer contas de somar depois de conhecer os números, que só somos capazes de ter responsabilidades após uma certa idade, etc…

Nas empresas é o mesmo, primeiro têm de ser criar as suas estruturas, métodos e processos. É necessário criar uma identidade, uma missão, partilhar valores e depois estratégias para que a operacionalidade seja o mais eficaz possível. Sejam novas ou apenas uma fusão de empresas com história é sempre necessário começar pelo principio.

Mas nem sempre as pessoas se lembram disto, os líderes e empresarios esquecem-se que as suas empresas necessitam de tempo e de tomar determinados passos. A pressão pelos resultados, a fome de performance e querer mostrar obrigam-nos a tomar decisões descabidas (muitas vezes comprometedoras a nível de longo prazo) transmitindo à empresa e seus empregados uma pressão e instabilidade que não são nada proveitosos. Muitas das vezes esta instabilidade é comunicada a outros agentes de contacto da empresa, nomeadamente bancos e clientes (ou com o termo mais lato em inglês: shareholders) piorando o cenário de actuação.

Isto é ainda mais verdade no mundo latino devido à nossa capacidade nata de improvisar (improvisar é uma capacidade latina, o desenrascar é portuguesa!) e de fugir ao planear.

MAS BASEADO EM QUÊ???

Será que não é possível no mundo de hoje em dia lembrarmo-nos da sabedoria dos nossos ditados populares e utilizar-la? Todos nós sabemos que “não se pode colocar a carroça à frente dos bois” e que “Roma e Pavia não se fizeram num dia”!!

Juntemos a nossa capacidade de improvisar, ao planeamento nipónico e norte europeu, e dando tempo à empresa para que nos tornemos mais fortes. Será tão descabido???

2 comentários:

HNunes disse...

Não, penso que não seja descabido. Mas com o tempo o planear, o colocar nos lugares certos as pessoas certas, a análise de mercado consciente e sem magalomanias, foi tudo substituído pelo: "temos de atingir os objectivos a qlqr custo."

Muitos pensam que a pressão, etc são incentivos que potenciam a obtenção dos objectivos e se alguns ficam instáveis com a mesma e não aguentam, são substituídos.

Com a generalização da chamada crise, a mão de obra torna-se barata e dentro das empresas instala-se o medo da substituição e isso leva à competitividade entre colegas, acabando os meios por justificar os fins.

Em suma, planeia-se "a la gardere", esquecem-se de como lhes custou ali chegar. Os estudos de mercado são substituídos pelo instinto de sobrevivência para não fecharem as portas e o mais importante que é o B A BÁ essencial que esse sim leva-os ao topo,fica para trás.

Liderar/chefiar uma empresa nos tempos que correm não é para os que pensam, programam, discutem, auscultam opiniões, colocam várias hipóteses, estudam o público alvo, traçam vários objectivos, etc. Não, esses são comidos por aqueles que dizem que conseguem contrariar a tendência de mercado usando o princípios obsoletos.

E quem paga o erro?
Toda a cadeia que está abaixo, sendo acusados de não conseguirem acompanhar o raciocínio das chefias (se é q esse existe), de não se esforçarem, de não quererem compreender, etc etc etc

Unknown disse...

Sim realmente esse é o estado actual. No entanto continua a pensar que o planeamento pode ser uma receita muito melhor.

E dar tempo ao tempo apenas ajuda a reagir sobre o que realmente interessa e são sobre o que parece...