domingo, abril 27, 2008

Barreiro ... que futuro?

Para mim as cidades são "seres vivos", são um acumulado de pessoas que transmitem os seus sentimentos, desejos e vontades. As cidades tal como as organizações são as pessoas que nela habitam. Não existem cidades sem pessoas!

A Câmara Municipal está para uma cidade como o conselho de Administração para a Organização, deveria inclusive assumir o papel de Departamento de Recursos Humanos com o objectivo de manter os habitantes da sua cidade felizes satisfazendo as necessidades ao seu alcance.

No entanto, por vezes (vezes a mais) existe um divórcio entre a cidade e os seus habitantes. A população até pode aguentar este distanciamento, mas em nenhum momento pode a cidade atrever-se a que os seus habitantes lhe façam o mesmo.

Tenho infelizmente contacto com dois casos destes: Santarém e o Barreiro.

Se a primeira é hoje em dia preterida por cidades como Almeirim e Cartaxo (antigas vilas de Santarém) mas continua a viver sobre a vantagem de ser uma capital de distrito e de um peso histórico importante, a segunda não tem nenhum destes argumentos e afunda-se dia após dia com a incapacidade governamental e política dos seus governantes. Poderíamos pensar que se podia resolver, mas para tal é necessário que existam alternativas...e tal não acontece.

Durante anos e anos as coisas no Barreiro foram piorando, primeiro o abandono do centro, depois o abandono de muitas casas, a falta de estudantes,, a falta de actividades nas cooperativas e sociedades desportivas ou recreativas, o abandono dos cinemas e o abandono dos jovens e do seu papel no quotidiano de uma sociedade (até a indústria da noite está a desaparecer perante a aprovação da CM).

Mas tudo isto BASEADO EM QUÊ? Toda esta inoperância deveria terminar num castigo, numa contestação social, numa qualquer manifestação de insatisfação, mas não! Nada acontece! O tempo vai passando e nem a ameaça de uma mudança política (a CDU tem no Barreiro um bastião e utiliza todo o tipo de meios para o manter) acorda os vereadores e governantes.

No Barreiro vive-se à conta de um sonho de uma ponte. Finalmente tudo aponta para que tal se torne realidade, mas será este evento que realmente irá transformar a cidade e dar-lhe vida? Ou simplesmente vamos seguir com a inoperância registada de desperdiçar mais uma oportunidade?

O Barreiro serve como exemplo de um divorcio claro entre a CM e os habitantes da sua cidade onde só os estímulos externos podem provavelmente ajudar. Serve também como exemplo do que não fazer e outras cidades estão a aprender com este exemplo e tentam utilizar todos os meios ao seu alcance para satisfazer os seus habitantes, a última novidade é baixar a taxa de IRS aos seus habitantes.