domingo, novembro 23, 2008

A Crise Financeira - Reacção

Continuamos....

Após estes primeiros desenvolvimentos chega então uma das alturas mais críticas para o mercado: o Regulador tem de entrar em jogo, não apenas no seu papel normal de árbitro, mas para fazer de médico, terapeuta, treinador, polícia de choque, claque, etc...

Nestes momentos o maior sistema financeiro do mundo (E.U.A) ameaça ruir e arrastar consigo outros importantes sistemas financeiros como o alemão, inglês ou japonês. A FED (banco central americano), o BCE, Banco de Inglaterra e Banco do Japão têm de se reunir e esforçar para evitar o colapso.

No meio deste processo começam a ser conhecidos os actos de gestão ruinosos levados a cabo pelos gestores de topo de bancos e entidades financeiras. Afinal as suas estratégias não eram tão miraculosas e baseavam-se em muita "trafulhice" tendo como fim último o lucro rápido.

Entretanto para que os bancos centrais possam agir têm de começar a emitir moeda para as injecções financeiras necessárias num mercado sedento de liquidez (os consumidores querem o seu dinheiro de volta para evitar maiores perdas nos seus investimentos). Começam a ser anunciados problemas nos grandes bancos internacionais e nacionais e ninguém sabe qual será a seguinte falência. O sistema interbancário pára! Apenas se confia nos reguladores! Pela primeira vez começamos a ouvir contestação de dentro do sistema financeiro...será que existe mercado livre??

Nota: o sistema financeiro americano é construído sobre a premissa de um mercado perfeito e livre onde todos os agentes se compensam pois não existe supremacia de poder de nenhum deles.

Para além das gigantescas injecções de liquidez (com isto começa a queda dos câmbios) os reguladores têm de actuar mais em profundidade, é necessário tomar conta de alguns activos e de entidades financeiras. Aparecem então planos milionários de ajuda, compras de activos, mais injecções financeiras e até baixas de juros. O mercado financeiro parece acalmar, as bolsas recuperam lentamente, levando a contestação para dos reguladores e assim dos Governos. A pergunta chave é: quem paga a crise?

Mas espera aí....BASEADO EM QUÊ??? Os Estados salvam os bancos BASEADOS EM QUÊ?? Quantas e quantas empresas entram em falência todos os dias sem que o Estado intervenha? Porque é que as contas do Estado (e mais tarde as nossas em duplicado) têm de absorver os activos sub-prime? Desde quando é que o Estado salva as empresas absorvendo activos...o normal (se tanto) são planos de recuperação com empréstimos a longo prazo e com bonificações. Será que as outras industrias: Têxtil, agrícola, sapataria, automóvel, etc não merecem o mesmo tipo de ajudas? (isto olhando apenas para Portugal)

Pela primeira vez na história recente dos bancos (acho que poucos se lembram da Recessão de 1929) e outras instituições financeiras é colocada em causa a sua "aura dourada" de indestrutibilidade. Afinal são empresas como as outras e que sofrem dos mesmos males. O facto é que o povo é fornecedor destas entidades através das suas poupanças e rendimentos. E como qualquer fornecedor pode ser que o seu cliente não lhe pague!!! Este é um paradigma novo que os reguladores querem evitar!!

No entanto no meio de todo este processo existe uma parte esquecida, a parte da culpa! É necessário encontrar os culpados desta recente crise, verificar o que se passou e reformular as acções dos reguladores. De modo nenhum podem empresas cotadas em bolsa escapar a tantos controles, auditorias e provas de resultados e estratégias. Alguém agiu muito mal e alguém se esquecem de perguntar porquê e para quê. Os Estados têm de pedir garantias aos agentes financeiros para que isto não aconteça (por exemplo aplicar novas regras quanto a rácios de solvabilidade, reserva fiduciária e alertas de risco). Neste momento não há culpados...foi o mercado. (sim criar fundos monetário de risco baseado em hipotecas que não podem ser pagas é claramente uma necessidade)

O certo é que o "Zé Povinho" desconfia. Como tal retraí-se, não gasta dinheiro desnecessário, prepara-se para os maus momentos. Não se confia que vai melhorar pois poucos percebem o que se passou, e pelos vistos mais tarde ou mais cedo o Estado têm de pedir mais impostos. Toda esta retracção está a causar grandes problemas nas economia do mundo.

Não é mais fácil ter coragem e limpar realmente a casa?