domingo, setembro 25, 2011

Um caso público!

Vou contar hoje um caso real que aconteceu numa instituição pública.

Em determinado Ministério, o Director “António” é promovido para Director do departamento de Logistica e Manutenção. O dito Director vai conhecer algumas das secções e equipes do seu departamento e devido à sua formação profissional bastante prática e objectiva analisa o potencial de uma das secções de manutenção que está dedicada à manutenção de um equipamento que o Director conhece na perfeição. Além de estudar o potencial da secção, estuda os seus custos, rentabilidade e productividade e chega à conclusão (que deve ser comum a quase todos os departamentos públicos)que a secção é deficitária já que o valor do que produz é inferior ao seu custo.

Dita secção tem 18 pessoas e faz a manutenção de um equipamento militar, executa a manutenção em no triplo das horas previstas pela marca e tal não é fruto de falta de formação (já que foi dada pela marca em distintas ocasiões) ou por falta de material. Estão organizados em equipes de 4 trabalhadores (deveriam estar organizados em equipes de 2 já que mais torna o trabalho ineficiente) e existem sempre duas posições livres devido ao absentismo.

Com esta organização a manutenção do parque nacional de veículos é executada na sua totalidade a cada 3 anos deixando de existir espaço para trabalho extra. No entando a ideia de dita seccção era executar toda a manutenção interna apenas num ano e ter tempo de se transformar num potencial exportador de serviços altamente valorizados graças ao seu caractér específico. António, devido ao que identificou, está a tentar colocar a secção dentro da linha anteriormente programada e como se trata de um ministério de comando directo provavelmente será possível realizar-se esta mudança, mas só até ao próximo chefe chegar.

O país está hipotecado, temos a troika em casa e um plano de austeridade que está a afectar tudo e todos. MAS BASEADO EM QUÊ seguimos com estes tipos de comportamentos? Será que só vamos mudar quando acabar a imperial e os tremoços?

terça-feira, maio 31, 2011

A Alternativa...

Dia 3 de Junho temos eleições em Portugal, desta feita vamos definir o futuro do nosso país. Temos de o fazer de forma precipitada e provavelmente no contexto mais complexo para o nosso país dos últimos 25 anos. Estamos de novo entregues ao FMI e empréstimos internacionais, numa situação política demasiado instável e onde a grande maioria população, que deveria estar unida, ainda não se apercebeu (ou não se manifestou) de qual é a gravidade da situação e quais a mudanças estruturais que temos que enfrentar.

Chegamos a esta situação depois da famosa crise financeira (já por mim abordada em diferentes ocasiões) que abalou o mundo e o nosso país. Para se conseguir ultrapassar a crise financeira nos bancos o Estado teve de dar garantias e apoiar (para não dizer responsabilizar-se) casos menos transparentes como o caso do BPN e começar a assumir dívidas. No meio da crise e para bem da transparência a UE resolve mudar as regras contabilistas dos Estados e de repente torna-se vísivel o "buraco negro" em quase toda a sua dimensão....digo quase toda porque desconfio que muito há para descobrir.

Podemos discutir a "pescadinha de rabo na boca" financeira que se criou nos últimos dois anos (Estado, bancos, especuladores, etc...), os 20 anos de suposto desenvolvimento económico patrocinado pelos fundos europeus ou o crónico défice comercial compensado durante muito tempo pelas remessas dos emigrantes. Podemos fazê-lo e deveriamos fazê-lo para conhecermos os nossos erros e tentar corrigir o possível e evitá-los num futuro. Mas hoje apenas quero discutir as alternativas para as eleições.

Temos que escolher o futuro para o país e sem alternativas!!! Baseado em quê??? Vejamos:

Sócrates - o responsável (não total) pela situação actual. Faltou-lhe levar a cabo a grande maioria das politicas e reformas anunciadas, de antecipar (não antever) a dimensão da crise e de executar atempadamente as medidas correctas.

Passos Coelho - o suposto herói da pátria que com a sua sede de poder deu a estocada final no país moribundo. Realmente devemos premiar o "destruir para reconstruir"??

Paulo Portas - o oportunista. Sempre esteve presente nos momentos de indecisão assumindo um extremo poder com eles. A última vez que esteve no Governo fez alguns dos contractos mais absurdos e despesistas de sempre...os tridentes e as chaimites.

Os outros de Esquerdas - os utópicos! Necessários num parlamento para dar ideias, mas completamente inaptos para formar um governo. É de louvar a capacidade criativa mas infelizmente não têm sentido prático e capacidade humana para o Governo.

Então qual é a alternativa???

E ainda falta uma variável essencial...quais são as metas a que já nos comprometemos com a Troika? Não deveriamos saber quais os compromissos e objectivos que temos para os próximos anos para que podamos escolher qual a equipa que consideramos ter melhores condiciones para nos os cumprir?

Nota: Faz-me falta a revolução popular que já aconteceu na Islândia. Os meus apoios para o movimento "Democracia Real Já"...mas falta algo mais...

sábado, abril 30, 2011

A corrida

Durante o mês de Abril fui correr a minha primeira corrida popular: os 10 km de Madrid (achei que para primeira vez chegavam 10km não era preciso ir à maratona). Baseado em quê?? Bem...apenas numa ideia um pouco idiota a que dois amigos disseram que sim...e lá fomos nós.

9 a.m. no ponto de encontro (num Domingo)...e milhares de pessoas: maratonistas profissionais, fundistas, aficionados da corrida, os desportistas de fim-de-semana, os divertidos, os grupos de amigos, as associções, os veteranos, os principiantes, nós os dois e outros mais.

A organização perfeita (pelo menos para mim), pois por apenas 15€ têm-se direito a uma camisa de corrida, um saco para o guarda-roupa, uma bolsa para os valores, um mapa, um gel de banho, inumeras revistas e publicidad, àgua, iogurtes e isostar à descrição. O circuito muito bem demarcado, apoio na rua, a policia, os bombeiros, pessoal médico, música e animação. Inúmeros patrocinadores, meia cidade dedicada ao evento e as principais artérias fechadas.

Para mim foi a primeira vez de muitas, correr entre esta massa ajuda, a força humana é excelente e sempre que vacilas há uma voz de apoio de algum lago: "bora tu consegues...não desistas". Resultado abaixo do meu objetivo: 1:03:52 e dia 8 de Maio lá vou eu outra vez. :-)

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Empréstimos do Estado

O Estado necessita de liquidez de curto-prazo. É assim em todas as economias já que existe um défice de tesouraria e as entregas mensuais de IRC, IRS, IVA, demais impostos e taxas não são suficientes para colmatar as despesas correntes de cada mês. Esta situação agrava-se quando temos empréstimos obrigacionistas para pagar.

Ora nos últimos tempos temos ouvido cada vez mais falar neste instrumento de financiamento do Estado (as obrigações do Tesouro) e nas taxas de juro que o mesmo oferece. Ora se o Banco Central Europeu empresta dinheiro aos bancos a 1% e as Euribor oscilam entre 1 e 2% o prémio que o Estado tem de pagar por pedir dinheiro aos investidores está entre os 6 e os 7%!!! Mas baseado em quê??? Está é fácil...na falta de credibilidade que o Estado Português oferece aos investidores.

Agora tenho eu um pensamento...se os bancos andam a captar as poupanças dos portugueses com taxas de juro de 3,5 a 4%, porque raio é que o Estado tem de pagar quase 7%?

Já sei que os 1250 milhões de euros que querem colocar a um prazo de 10 anos, e os 750 milhões a 4 anos são muito dinheiro, mas secalhar fazendo uma boa campanha de publicidade como se fazem para as OPV o Estado é capaz de colocar uma parte significativa deste montante a 5 ou 5,5%. Afinal de contas para quem não gosta de risco nada melhor que emprestar o dinheiro ao Estado, já que é menos provável que entre em falência que um banco.

Claro está que para isto é necessário planeamento e fazer as coisas com algum tipo de estratégia, mas numa altura em que é preciso poupar em tudo e em que temos de cortar não é altura para pensar bem a nossa estratégia de financiamento e conseguir provar todas as alternativas? É que pensando bem 1% menos de juros são menos 7,5 milhões de euros por ano...