quarta-feira, junho 13, 2007

O afastamento e o trabalho...

720 horas,
30 dias,
1 mês

Um mês de retiro (não espiritual) deste espaço que tanta satisfação e alegria me traz. Um mês em que estive afastado de uma realidade que me preocupa, de um mundo que me completa. Um mês em que se passaram um monte de coisas que nem me apercebi ou nem sequer pude falar ou comentar.

Ao final deste período sinto-me envergonhado, sinto-me culpado, triste e vazio. Sinto-me em falta comigo, e convosco, porque me afastei do que considero realmente importante, do que dá significado a cada um de nós como pessoas. Sucumbi mais uma vez à ganância individual e do trabalho!

MAS BASEADO EM QUÊ? Baseado em que razões é que continuamos, eu e todos nós (mais ou menos vezes), a subjugarmo-nos a este chamamento?

Quantas vezes damos ouvidos à empresa, ao monte de papéis em cima da secretária, ao e-mail do chefe que chegou em má hora? Quantas vezes damos ouvidos ao trabalho, à ocupação de tempo, ao mais um minuto e ao isolamento que isso nos trás?

Fazêmo-lo repetidamente, por vezes sem hesitar, em prol da nossa estúpida individualidade, de um reconhecimento colectivo (ah e tal aquele tipo trabalha mesmo muito), de um reconhecimento individual, do nosso brio professional (talvez aquele que se pode atacar menos...), de uma suposta recompensa, etc... No final não são poucas as vezes em que nos arrependemos, que nos interrogamos porquê, que vimos que não valeu a pena; afinal perdemos mais que ganhamos e a tal recompensa foi apenas um sorriso do chefe que disse baixinho: "Bom trabalho, fizeste mais que a tua conta!".

As empresas (e um pouco a sociedade) dependem, hoje em dia, cada vez mais desta ambição desmedida, desta estúpida individualidade, da nossa ganância, do nosso querer mais, da nossa ostentação...Nós deixamo-nos embrulhar nesta busca para esquecer aquilo que realmente nos deixa felizes: um amigo, um olhar, um serão com música, um jantar com a família, a cumplicidade da namorada (o), os primeiros passos da criança, o contemplar o mar, o ler um livro...enfim os básicos!!!

Volto ao MAS BASEADO EM QUÊ? Baseado em que é que fazemos este erro tantas e tantas vezes?

Será que é preciso sentirmos falta de todas estas coisas para lhes dar valor? Será que é esta sociedade de trabalho onde tudo anda a 200 que nos dá essa tão proclamada qualidade de vida?
Será que é impossível atingir a paz de espírito e simplesmente saborear a vida?

Será que o nosso desenvolvimento económico e a nossa sociedade moderna dependem mesmo destes comportamentos individuais? Será que o modelo económico assenta num dos pilares mais "básicos e selvagens" do Homem, a ganância???

8 comentários:

Anónimo disse...

Foram essas dúvidas e incertezas que me levaram onde estou hoje (mal ou bem, mais realizada). Acho que não há "palmadinha nas costas" que fique à frente da realização pessoal. E não há nada que pague sentirmos que estamos lá para quem gosta de nós, mesmo que tenhamos de deixar para trás a resposta a um mail de trabalho supostamente urgente. Talvez seja a crise dos 30, mas é bom pelo menos perdermos tempo a pensar nisso! O que é urgente é outra coisa...

HNunes disse...

Baseado na necessidade que temos em nos sentirmos realizados profissionalmente (no fundo, penso que precisamos de nos sentir reconhecidos no que fazemos melhor)

- No facto de acharmos que os nossos amigos(as) compreendem o nosso desaparecimento, mesmo sabendo nós que sentem a nossa falta. O problema é que depois reagimos mal, quando começam a dizer que têm saudades nossas e nós que pensamos que até nos esforçamos para estar com eles!!!

- Na certeza que temos, de que a nossa família compreende perfeitamente e estes só dizem: "andas a trab mto", quando isso no fundo quer dizer: "queremos-te ver mais vezes. Queremos jantar ctgo, etc"

- Baseado tb no facto de isso poder ser uma fuga para os problemas que não queremos enfrentar, na decisão que temos de tomar sobre algo e que sabemos que enqto trabalhamos não pensamos nela, etc.

- Sem esquecer que por vezes isso é um sinal que temos as prioridades ao contrário mas, achamos que nesse momento essa é a opção correcta e mais tarde dizemos: " e se?". Aí, aí sim como tu mesmo disseste, muita coisa passou ao lado.

Certo é que os nossos amigos(as), familiares, namorada(o), podem compreender mas, até essa compreenção tem limites e nós temos de aceitar isso.

Quanto ao texto, já te tinha dito, prefiro este estilo (sabes o que quero dizer).
Adorei.
Nhu... e ...

HNunes disse...

P.S- Espero que guardes algum tempo para te colocares em dia.
Estas com algum atraso.
Nhu...

Nelson S. disse...

Bom, coisas que eu quero dizer e outras que eu vou calar. Para dizer: - A tua "classe" de licenciados, quadros itermedios das empresas, representam para o mercado o que a classe operaria representava no fim da decada de 60 e inicios de 70, voces são a nova classe operaria, a farpela é que mudou. São explorados e apertados ate partir e disso nao tenhamos duvidas, tu, que como muitos outros, trabalham com vendas, racios, cotações, expeculações, variações, valorizações, desvalorizações, objectivos, metas, desvios, medias, mercados que sobem, lucros que descem, margens que aumentam, proveitos que diminuem, devedores que desaparecem, credores que aparecem, taxas, spread's e outras coisas mais, sentem como esta presão vai aumentado de ano para ano. Agora, nao vamos deixar que qualquer um possa se tornar solidario desta causa, esta é uma luta que so a tem quem a compra, nao é de nos todos, eu, como muitos outros, não comprei esta guerra. Não comprei porque sou um palerma, porque nao presto pra nada, porque sou um cobardolas, porque sou um sindicalista de vao de escada, porque nao tenho ambição, porque sou um calhordas, um bardina. É para trabalhar???? sim senhor, contem comigo das 8 as 5. A luxuria, a vaidade, ganancia e inveja são os motivos que nos levam a esta escravidão moderna, isso da realização pessoal é tudo paleio. Recentemente deu na Tv uma reportagem da sede da google (que so por acaso é o proprietario deste espaço)em que mostravam as maravilhosas regalias que os seus funcionarios possuiam e o modelo a seguir, para quem nao viu, aqueles funcionarios tinham, sem sai do edificio, sitio para dormir, fazer compras, comer a bruta, praticar desporto, deixar o filho, deixar o cao, massagens, espaço para hobies, e zonas de lazer, como jardins e afins. Modelo a seguir??? Com estorias e bolos, se enganam os tolos.
Para calar: - este blog ta a ficar apaneleirado, meu caro amigo tu nao te percas, nao escutes o canto da sereia, lembra-te o que acontece ao marinheiro aventureiro..... Qualquer dia, estas a escrever artigos na revista "viva feliz".

Anónimo disse...

Foda-se!

Palmas para este gajo sff!!!

Subescrevo
a.Gabriel

PAH, nã sei! disse...

Fez-me lembrar "alguém" há uns meses atrás... :(

Quando assim estou, nada melhor do que as palavras do "meeeeeessssstreee" António Variações:

Vou viver
Ate quando eu não sei
Que importa o que serei
Quero é viver

Amanhã
Espero sempre um amanhã
E acredito que será
Mais um prazer

A vida é sempre uma curiosidade
Que me desperta com a idade
Interessa-me o que está para vir.

E a vida
Em mim é sempre uma certeza

Que nasce da minha riqueza
Do meu prazer em descobrir
Encontrar, renovar, vou fugir ao repetir

HNunes disse...

Olá Filipe
Passa pelo meu canto pois acho que mereces algo que tenho lá para ti.
Bjos

Nelson S. disse...

ao ouvir esta musica, pla milionesima vez, lembrei-me deste teu post.




A heart thats full up like a landfill,
A job that slowly kills you,
Bruises that wont heal
You were so tired, happy,
Bring down the government,
They dont, they dont speak for her
Ill take the quiet life, a handshake of carbon monoxide

No alarms and no surprises, no alarms and no surprises
No alarms and no surprises
Silent, silent
This is my final fit, my final bellyache with
No alarms and no surprises, no alarms and no surprises
No alarms and no surprises, please

Such a pretty house, such a pretty garden
No alarms and no surprises, no alarms and no surprises
No alarms and no surprises, please