terça-feira, abril 24, 2007

A história num restaurante...

Há tempos fui a um restaurante Tailandês. Sítio agradável, com boa comida e com empregados hospitaleiros. No restaurante existia o culto da cultura: o rito do Chá, as vestes e música tradicional, a decoração oriental, uma dança durante a refeição (bela moça!) e alguma informação histórica.

Enquanto esperava pela minha companhia entretive-me na leitura. No menu havia um pequeno prefácio que descrevia um pouco da influência portuguesa sobre o distante oriente. Não esquecer que embora só se fale na India, é importante sabermos que os “Tugas” foram os primeiros europeus a deambular pela zona do globo hoje conhecida por Sudoeste Asiático.

Neste pequeno prefácio tinhamos alguma informação sobre as colónias existentes, registos, influências deixadas, e até a idioma (e aqui é que fiquei boquiaberto), sabiam que o Português era a língua oficial de Ceilão para falar com todos os estrangeiros? Isto durante vários séculos (até ao aparecimento dos ingleses algures a meio do século XVIII)!!!

Entristece-me (ao mesmo tempo que me sinto orgulhoso...e confuso com todos estes sentimentos) saber que já tivemos uma posição relevante no mundo e que hoje em dia poucos sabem onde fica este jardim à beira-mar plantado.

Somos invadidos economicamente por Espanha, dependemos energeticamente de Mouros, somos ofuscados no mundo pelos nossos “filhos” Brasil, Angola entre outros e somos deserdados por Moçambique (que se junta à Common Wealth, comunidade de ex-colónias britânicas).

Ignoramos o nosso passado recente e vivemos na sombra do nosso peso na história sem saber tomar partido disso (que na Europa não se estude a história de Portugal é mau, mas que as nossas ex-colónias não saibam grande parte da nossa história é horrível!) como fonte de inspiração...seremos tão piores que os Holandeses?

Dizia noutro dia uma jornalista que um país que vive nestas condicionantes está condenado a ser esquecido e viver na mediocridade de um buraco negro...será que nós queremos isso?

MAS BASEADO EM QUÊ???

4 comentários:

sonhadora disse...

Hoje fazes parte dos meus sonhos. E de cá não sáirás.
Beijinhos embrulhados em abraços

HNunes disse...

BASEADO EM:

Como dizes e bem, no facto de não termos sido capazes de desenvolver bases que sustentassem e continuassem a acompanhar o crescimento que tínhamos.

No facto de termos deixado de investir em nós mesmos, acabando nós, por ficarmos estagnados no tempo.

De termos passado anos a viver "à sombra do nosso peso" histórico "sem saber tirar partido disso".

No facto de termos dado a independência (nao sou contra) e durante todo o processo, não termos sabido "permanecer" lá.

No facto de os acordos que mantemos com os atrás referidos, a maior parte das vezes não inclui o nosso pacote história.

No facto de "termos permitido" que outros "mandassem" em nós por questões de estratégia política.

No facto de nem nós mesmos sabermos valorizar o que temos, o que fizemos e o que somos (se calhar este devia ser o 1º ponto).

E sim, se isto continuar assim, (embora me considere uma pessoa positiva e crente no seu povo), terei que dar razão ao jornalista

Nhu...

P.S Aguardo que vás ao Guardo :)

Nelson S. disse...

A descolonialização foi um processo aldrabado, mal intencionado, nada serio e que poucas hipoteses deixou de nos virmos a dar bem. A verdade e que todo este processo deixou marcas, deixou raiva, desconfiança, preconceito e muitas feridas abertas. Se por um lado o estado novo enaltecia os feitos descobridores, a gloria do imperio e a auto-estima da nação, o romper com o antigo regime, deixou-nos um especie de desconforto com estes simbolos. A herança esquerdista na nossa constituição é obvia, mas nao se fica por aí, tambem esta presente nestes aspectos. a descolonialização é o reflexo natural de uma revolução que deixou muito a desejar, que foi mais uma negociata a boa moda portuguesa. Ja dizia o jorge palma "... não se pode estar direiro quando se tem a espinha torta."

HNunes disse...

Passei só para deixar um beijo. Para quando o próximo?
Bjos