segunda-feira, novembro 06, 2006

A Airbus...e a Europa.

Hoje venho aqui falar da AIRBUS, a empresa europeia construtora de aviões. A Airbus é uma das 2 grandes empresas de aviação comercial do mundo e principal concorrente da Boeing.

A Airbus têm células de fabrico em quatro países: Espanha, Reino Unido, Alemanha e França (onde tem a sua sede). Se quiserem é o "gigante" europeu que trava uma grande batalha contra o "gigante" americano pelo domínio dos "céus do mundo".

Todos nós ouvimos falar no maior avião do mundo (não estou a falar do Antonov) o Airbus A380. Este modelo iria trazer o primeiro avião capaz de combater o conhecido Boeing 747, líder nos voos de longo curso. Este modelo foi apresentado com toda a popa e circunstância, receberam-se as primeiras encomendas, a Airbus estabeleceu um novo record a nível de encomendas e até vimos documentários (no discovery channel e no canal história), mas e agora...algúem sabe algo de novo? Quando é que poderemos ver os primeiros A380 a serem entregues?

Pois...eis que eu compro a revista Prémio desta semana (aconselho todos os que leêm este blog e os seus amigos a comprarem esta revista que é sem dúvida uma bela revista) e um dos artigos em destaque fala da Airbus. Pois é! A "nossa" (afinal representa a força da Europa) empresa está a passar um mau bocado, o Airbus A380 não será entregue até final de 2007 e existem prejuízos de 6000 milhões de euros que irão afectar os resultados futuros da empresa. Mas tudo isto agora? Agora que a empresa tinha um posição de liderança nos ceús do mundo? Mas BASEADO EM QUÊ?

Simples...tão simples que até assusta (por norma as coisas simples são as mais díficeis de resolver, definir ou até prever)! Porque houve um erro na concepção da cablagem, porque as peças alemãs e francesas não encaixam o que põe em causa a segurança do modelo (faltou o "tuga" para desenrascar o problema...não viram?). Então o que se passou? A parte francesa da EADS (empresa que detem, fabrica e comercializa a marca Airbus) utiliza a versão mais actualizada de um determinado software e a parte alemã utilizava uma versão mais antiquada do mesmo.

Vamos então esquecer o porquê de um determinado software não manter as suas medidas de base, ou o como é que uma empresa pode ter 2 versões do mesmo software, ou o porquê da empresa de software ter uma participação na EADS francesa. Estamos a falar de algo muito mais simples...COMUNICAÇÃO e DIVERSIDADE. Foi por falta de comunicação entre as duas filiais que surgiu o problema e foi por diversidade de softwares que se deu o problema.

Utilizo então este exemplo para falar da Europa. Esta Europa que se mantêm unida graças a uma promessa de melhoria económica, política e social e que vê me Estrasburgo e Bruxelas o seu cérebro! Esta é a Europa da diversidade, da multiplicação de culturas, de idiomas, de etnias, de costumes, de tradições, etc (este é o nosso coração). É a Europa que se rende aos encantos do inglês para facilitar a comunicação, mas também é a Europa onde por vezes nos esquecemos de tudo isto para apenas facilitar o caminho aos quatro ou cinco que têm dimensão (seja lá esta dimensão económica ou demográfica).

Tal como aconteceu na Airbus...temos que evitar que o mesmo aconteça à nossa Europa! Temos de nos manter atentos, de comunicar, de nos respeitar e de olhar para tudo o que nos faz tão fortes e tão centrais neste mundo desenvolvido (na pura definição promovida pelos americanos)! Se não o fizermos poderemos criar um problema bem mais caro que o da Airbus.

Bom...secalhar este não é um artigo é mais um desabafo. E secalhar também não é sobre a Airbus...pois não?

8 comentários:

HNunes disse...

Vou só falar da Europa a que pertencemos, porque sobre o A380 não sei nada e não tenho a veleidade da falar do que não sei.

Costumo dizer que é na adversidade que o ser humano é capaz de espantar e supreender a si próprio. Embora a Europa abra caminho a 4/5, já demonstrou q não é submissa, que tem vontade própria e por vezes até sabe dizer basta.

Mas, penso que não é Estrasburgo que nos faz assim, acho que o povo (independentemente da raça ou credo)sente cada vez mais necessidade de diálogar,de trocar ideias, experiências para evoluir.

Não acredito que venhamos a correr o risco do Airbus. No meio da nossa intolerância conseguimos adaptar-nos, entre um grito, uma cólera e uma dor, conseguimos chegar a quem mais precisa precisa. Entre o desespero, a solidão ainda conseguimos ter esperança e nas rugas dos nossos avós vamos buscar ao jogo de cintura pois, quem melhor do que eles para nos ensinar.

Correndo o risco de ser mal interpretada, como podemos correr o risco do Airbus, quando temos alguém como Tu a lembrar-nos através do que escreve, que é preciso mais.

Concordo contigo, "se calhar este não é um artigo é mais um desabafo. E se calhar também não é sobre a Airbus...pois não?", se calhar desta vez disseste o que te ia na alma. Sabes às vezes acontece.

Parabéns
Nhufas

Nelson S. disse...

antes de mais, gostei muito deste post. bem escrito e muito bem estroturado. sobre a airbus, mais concretamente o airbus A380, so tenho uma coisa a dizer: Vai buscar! é bem feito. Estes senhores no alto da sua arrogancia andaram a apregoar o maior aviao do mundo quando ja é certo e sabido (á muitos, muitos anos) que o velhinho Antonov é que manda. para terem uma ideia, foi feito um estudo por uma equipa de enginheiros e chegou-se a comclusao que se o antonov fosse cabinado para a aviação comercial, daria para cerca de 900 passageiros. Incha!!!!
quanto ao que realmente interessa, mais uma vez sou obrigado a discordar da carissima helena quando ela diz: "...já demonstrou (a europa) q não é submissa, que tem vontade própria e por vezes até sabe dizer basta". nada mais errado. é exactamente por causa de mega interesses do grande capital que as coisas estao assim. Acham que andamos a piscar o olho a turquia para que? e o petroleo no iraque? e as movimentações necrofegas em volta da devastação de qualquer guerra? Meus amigos, tivemos anos a fio uma guerra a decorrer no coração da europa (sarajevo e afins), aqui perto, demasiado perto, que pura e simplesmente ignorámos. Os franceses e os alemaes demarcaram-se do iraque nao foi por humanismo, foi porque ja la tinham interesses economicos e militares que gostariam de preservar. Quem podera fazer a diferença somos nos, que ao contrario dos nossos pais e avos, convivemos com a diferença desde muito cedo. Antes só havia o branco, o preto e o estrangeiro (esse enorme pais). Nos temos o amigo que esta em madrid o outro que fez o interrail, o tal que esta na holanda, o outro que viveu em munique, o que gosta de ir a praga, o que adora a escocia, etc... Assim é que se constroi uma europa, mas para isso temos de esperar que esta geração que esta em Estrasburgo morra de vez.

HNunes disse...

Caro Nelson, cá estamos mais uma vez. Qdo escrevi essa frase referia-me exactamente ao que mais à frente o amigo descreveu "quem poderá fazer a diferença somos nós...". O que significa que estamos de acordo. Independentemente das decisões que cada governo possa tomar, a pressão que o povo exerce, pode ser decisiva nalgumas questões. Como é lógico, alturas existem e sempre existirão em que em que temos de nos vergar perante certas necessidades (refiro-me às por si citadas). Esse acto é por vezes necessário e não somo só nós (Europa) que o fazemos, as Grandes nações por vezes também se vergam para atingir os seus intereses.

Assim sendo, como em tudo na vida, o acto de submissão por vezes é necessário para mais tarde seguirmos em frente de cabeça erguida.

Não sei porquê mas tenho a sensação que o amigo não vai concordar novamente comigo.

Um beijo para si

Nelson S. disse...

cara helena, retribuo o beijo. Pois adivinhou, nao vou mesmo concordar com o que a menina diz. e porque? porque essa submissao que a helena mostra quase como um acto heroico, de supremo sacrificio em prol de nos todos, nao passa de uma subserviencia bacouca. e subserviencia a quem??? pois la esta, a essa mesma potencia (EUA), lembre-se que os eua tem a importancia que têm porque nos lha demos, os eua potenciaram-se as nossas custas, a custa da enorme divida (finaceira e nao so) por nos criada, principalmente na 2º guerra mundial. Veja-se a fantochada com os voos da CIA. porque ao contrario do que querem fazer crer, nos nao somos aliados, somos lacaios. Acha coincidencia a manutenção da base das lages? Sabia que em outubro de 1974 foi oferecido por paises arabes 400 milhoes de dolares para que portugal nao aceita-se a manutenção dessa mesma base? faz isto tudo lembrar o filme " a mão que embala o berço". O cancro ja ca esta e nao por fatalismo, mas sim porque nos o convidamos a entrar. Quero apenas referir, para que fique claro, que nao sou anti-EUA, apenas vejo que todos os presidentes americanos que tentaram abrandar esta tendencia nao tiveram la grande futuro. coincidencias, ou talvez nao.
um beijo para si

Nelson S. disse...

So para terminar gostaria de lhe dizer que a importancia e intervenção dos EUA no mundo e principalmente na europa é tao grande que todos nos deveriamos votar para as eleiçoes nos estados unidos. O tribunal penal internacional, situado na europa, este berço de democracia e supremacia, condena os crimes de guerra mas concede amnistia aos militares americanos. boa forma de andar de cabeça levantada. China, india, russia, japão e EUA, o resto..... é paisagem.

Anónimo disse...

Só Uma correcção Flor... o TPI não amnistia os cidadãos americanos!! Pura e simplesmente não os pode julgar, porque esse grande bastião da democracia não assinou o TPI, não sendo portanto os seus cidadãos abrangidos por ele. Os seus cidadãos estão acima da lei internacional.
Democracia sim, mas só quando interessa...

HNunes disse...

Uiii, caro Nelson antes de mais permita-me um elogio, é um prazer contra-argumentar consigo.

Começando e de forma objectiva:
- Sim, fomo nós que lhes ofertamos a importância que hoje têm embora eu ache que hoje em dia já não é tão bacouca como era. Deixe-me lembrar-lhe que em 2005, a União Europeia esteve envolvida em 27 litígios comerciais (15 enquanto autor da denúncia, 12 enquanto parte acusada), a maioria dos quais contra os Estados Unidos (em 9 como autor da denúncia e em 5 como parte acusada). Penso que isto pode não ser um grande passo mas, é um passo em frente para diminuir o poder dessa grande potência. Não estamos de braços cruzados como o amigo quer fazer crer.

- Qto aos voos da CIA podem ter sido uma fantochada mas, a UE nao ficou de braços cruzados. Nomeadamente, o Parlamento Europeu manifestou a sua perturbação pela suposta utilização de países europeus para o transporte e a detenção ilegal de presos pela Agência Central de Informações norte-americana (CIA). Tenho fé que o caso não morra aqui, só pela indignação.

- Por acaso o amigo já pensou que se calhar a guerra iniciada pelo Sr Bush tenha a ver com um desepero político? que se calhar eles necessitam de uma guerra porque, não têm resposta para os problemas econômicos e sociais com os quais se estão a deparar? ou sou eu que estou a ser naif?

O Amigo referiu que a nossa entrada na 2ª guerra Mundial se deveu a uma enorme dívida, permita-me que lhe diga q nessa altura estavamos na transição para o Estado Novo, embora nessa altura nos declarassemos neutros, eramos um país que vendia os seus produtos aos países que pagavam mais, fossem aliados, neutros ou do eixo, claro que isto é a opinião das más línguas abalizadas para tal e nós podemos sempre discordar com as mesmas.

Relembro tb que em 39 assinamos o Tratado de Amizade e o pacto de Não Agressão com Espanha, assinamos o acordo de cooperação militar com a Grã-Bretanha no mesmo ano recusamos fazer uma alinça com a Alemanha, Itália e Japão.

A Base das Lages surge de um acordo Luso Britânico assinado em 43. Nessa altura Portugal era um país neutro no panorama da 2ª G. Mundial. Nessa altura a nossa participação era a exportação de uma série de produtos para os países em conflito, como açúcar, tabaco e mesmo volfrâmio. Esta exportação é suspensa em 44, e nesse mesmo ano assinamos o acordo de concessão de instalações militares nos Açores com os Estados Unidos e eis que surge a descolonização. Penso q até lucramos um pouco com a dita guerra.

Ainda falando da base das Lages o Acordo não implica somente o "poiso dos aviões" existem tb outros factores que são importantes para a zona em questão.

- Qto ao valor por si referido, não não sabia e mediante esta minha ignorância, só me resta perguntar: por acaso aceitamos?

- Qdo me referi a "vergar..." de forma alguma estava a falar em subserviência, lamento que assim o tenha entendido. Qdo refere que: "Quem podera fazer a diferença somos nos, que ao contrario dos nossos pais e avos, convivemos com a diferença desde muito cedo" e conclui dizendo: "Antes só havia o branco, o preto e o estrangeiro (esse enorme pais). Nos temos o amigo que esta em madrid o outro que fez o interrail, o tal que esta na holanda, o outro que viveu em munique, o que gosta de ir a praga, o que adora a escocia, etc... Assim é que se constroi uma europa..." está a concordar comigo qdo digo: "No meio da nossa intolerância conseguimos adaptar-nos, entre um grito, uma cólera e uma dor, conseguimos chegar a quem mais precisa precisa. Entre o desespero, a solidão ainda conseguimos ter esperança e nas rugas dos nossos avós vamos buscar ao jogo de cintura pois, quem melhor do que eles para nos ensinar." Isto é o mesmo que dizer que quem faz a diferenças somo nós, etc.

Meu Caro nós já começamos uma mudança indelével e que eu saiba não "temos de esperar que esta geração que esta em Estrasburgo morra de vez."(palavras suas). Se realmente acredita nisso, está a entrar em contradição consigo mesmo qdo refere "assim se constroi..."

Um beijo grande

HNunes disse...

Olá Badé
Uma correcção em relação à obs que fizeste. Posso estar errada mas, o Presidente Clinton, nos seus últimos dias de governo, chegou a assinar o doc. de Roma, sob o pretexto de que assim, no futuro, os EUA poderiam influir nas modificações que considerassem necessárias, entre elas: que os militares americanos e os funcionários civis do governo estariam fora da jurisdição do tribunal.

Este acto, contudo, não foi submetido ao Congresso americano como seria necessário. O governo George Bush tem-se mostrado radicalmente contra a Corte.

A minha dúvida reside em dois aspectos: 1º - O acto assumido por Clinton não foi a congresso isso anula-o?
2º - O facto de ter havido a assinatura de um doc, coloca ou não os EUA sob a "alçada" deste tribunal?

Bem alguém vai elucidar de certeza, esta minha ignorância.

Jokas